Economia

Consultora FocusEconomics desce crescimento de Angola de 1,9 para 1,6 por cento este ano

A consultora FocusEconomics desceu a previsão de crescimento económico de Angola, de 1,9 por cento para 1,6 por cento este ano, devido à recessão de 2,2 por cento no primeiro trimestre que, dizem, motivou o pedido de ajuda do FMI.

“Os recentes dados do Instituto Nacional de Estatística angolano confirmam que a economia continuou em recessão no princípio deste ano; o PIB contraiu-se 2,2 por cento face aos primeiros três meses de 2017, principalmente devido à baixa produção do importante setor petrolífero e na indústria de refinaria, bem como no setor do comércio”, escrevem os analistas.

Na avaliação mensal das economias africanas, enviada hoje aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a FocusEconomics baixa a previsão de crescimento para este ano em 0,3 pontos percentuais, descendo também a perspetiva de expansão económica para 2019 em 0,1 pontos, que passa agora a ser de 2,2 por cento.

“Os indicadores disponíveis para o segundo trimestre parecem pintar um quadro sombrio, também, com a produção de petróleo a cair para mínimos de 11 anos, anulando possivelmente os ganhos da subida dos preços do petróleo e sinalizando possivelmente um enfraquecimento ainda maior do setor externo”, acrescentam os analistas.

A degradação dos indicadores para o primeiro trimestre, consideram, foi uma das principais razões para Angola “pedir assistência financeira ao FMI, pedindo o instrumento que oferece pagamentos mais longos que o habitual em troca de reformas económicas”.

“Com as almofadas orçamentais e externas a degradarem-se, em vez de pedir um resgate total das finanças públicas, o novo Presidente, João Lourenço, salientou que pretendia garantir prazos de pagamento maiores do que o habitual, em troca de reformas económicas”, dizem os analistas.

“Assim, este empréstimo muito desejado parece desenhado para garantir maior cobertura política à agenda de reformas económicas mais agressiva e à aceleração dos esforços para cumprir a promessa de erradicação da corrupção fortemente enraizada”, continuam.

O empréstimo do FMI, na visão da FocusEconomics, “vai conferir mais legitimidade às reformas do Governo, deixando a porta aberta para mudanças ainda maiores”, até porque a diversificação económica, embora em curso, tem tido um progresso lento.

“Novas leis da concorrência, bem como novas leis para aumentar o investimento externo e uma nova pauta aduaneira fizeram pouco para melhorar significativamente as finanças públicas”, dizem os analistas, reconhecendo, ainda assim, que “o Presidente João Lourenço tem dado importantes passos para combater a corrupção e preparar o país para as mudanças”, com o fim da indexação do kwanza ao dólar.

A FocusEconomics mantém a ideia de que Angola vai sair este ano da recessão e acelerar o crescimento no próximo ano, apoiado pelo programa do FMI, pelas medidas de consolidação orçamental e pela diversificação económica, para além da transição para um regime cambial mais flexível.

Sobre a evolução da dívida pública, estimam um crescimento para 74,2 por cento do PIB este ano e uma descida para 70,9 por cento em 2019.

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