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Congoleses vão hoje às urnas eleger sucessor de Kabila

Cerca de 40 milhões de eleitores congoleses escolhem hoje o sucessor do Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), Joseph Kabila, dois anos depois da data inicialmente prevista e na ressaca de vários conflitos e epidemias.

Dos 21 candidatos presidenciais – entre os quais uma mulher – aprovados oficialmente pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) da RDCongo, destacam-se três favoritos: Emmanuel Ramazani Shadary, Martin Fayulu, e Félix Tshisekedi.

Emmanuel Ramazani Shadary, antigo ministro do Interior, é o candidato apoiado pela coligação no poder, a Frente Comum para o Congo (FCC), e é o “delfim” de Kabila, impedido pela Constituição de concorrer a um terceiro mandato.

Já Félix Tshisekedi e Martin Fayulu afiguram-se como os candidatos da oposição com maior apoio.

Félix Tshisekedi, de 55 anos, é líder do maior partido da oposição, a União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), e concorre depois da candidatura do seu pai, Étienne Tshisekedi, em 2011. Na altura, os 32,33 por cento dos votos recolhidos por Étienne foram insuficientes para vencer Kabila.

Já Martin Fayulu, de 62 anos, viu a sua base de apoiantes crescer nos últimos meses. O antigo dirigente de uma petrolífera multinacional é membro do partido Compromisso pela Cidadania e Desenvolvimento (Ecidé, como é conhecido na RDCongo) e um assumido opositor das políticas de Kabila.

A pacificação do país é um objetivo que consta no topo do programa de todos os candidatos, algo que não se afigura fácil, segundo organizações não-governamentais (ONG), que acreditam que apenas com um alinhamento das leis congolesas perante a legislação internacional, em aspetos como a liberdade de expressão e a eliminação da pena de morte, essa pretensão pode ser alcançada.

Também a transparência na exploração de recursos minerais e matérias primas é um dos aspetos em debate, depois de, durante este ano, o Governo ter admitido a intenção em abrir a exploração petrolífera em zonas protegidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), medida contestada por ONG ambientais.

Inicialmente previstas para 2016, as eleições de 30 dezembro foram já adiadas duas vezes, e, além de presidenciais, irão ainda permitir a escolha de representantes parlamentares a nível nacional e provincial.

Na quarta-feira, a comissão eleitoral anunciou que o escrutínio de domingo foi adiado para março nas regiões de Beni e Butembo, na província do Kivu Norte, e na localidade de Yumbi, na província de Mai-Ndombe, afetadas por conflitos e por um surto de Ébola que já provocou mais de 350 mortos, desde 01 de agosto.

A decisão, que afeta cerca de 1,2 milhões de eleitores em zonas que têm um histórico de eleger membros da oposição, foi contestada pelo país através de protestos e manifestações.

A violência tem sido uma constante durante a campanha eleitoral que antecipou as eleições, tendo, de acordo com a ONG Associação Congolesa de Acesso à Justiça (ACAJ) contabilizado pelo menos dez mortos, a maioria durante comícios da oposição e em manifestações contra o candidato da FCC.

O exercício eleitoral deverá contar com cerca de 270.000 observadores nacionais e internacionais, tendo o Governo vetado a presença de algumas missões internacionais, incluindo da União Europeia e da Fundação Carter, o que leva a oposição a suspeitar da existência de fraude.

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