Dois concertos de José Afonso, gravados em 1968 em Coimbra e em 1980 em Carreço, em Viana do Castelo, vão ser editados pela primeira vez, numa edição que inclui um vinil e um livro do jornalista Adelino Gomes.
A apresentação “deste documento” – que inclui em vinil o concerto realizado em maio de 1968, no Teatro Avenida, em Coimbra, e um livro de autoria do jornalista Adelino Gomes, que contextualiza os dois concertos – é no dia 06 de abril, em Carreço, nos arredores de Viana do Castelo, disse à agência Lusa José Moças, editor da Tradisom, que publica o trabalho.
“Carreço é o ambiente do Zeca [Afonso], e foi uma decisão da família”, disse.
O concerto realizado em Carreço, a 23 de fevereiro de 1980, no salão da Sociedade de Instrução e Recreio local, contou com a participação dos músicos Júlio Pereira, Guilherme Inês e Henrique Tabot, e concretizou-se pela “teimosia” de um fã de José Afonso, Manuel Mina.
“Manuel Mina gostava muito do Zeca e queria apresentá-lo na sua terra, e antecipadamente andou pela freguesia com uma folha de papel a assentar os nomes de quem viria a um espetáculo” do criador de “Grândola, Vila Morena”, de forma a garantir bilheteira, sem sequer ter uma data.
O editor discográfico José Moças disse à Lusa que “foi um acaso” ter encontrado o concerto realizado em Carreço, numa viagem com amigos, em que começaram a ouvir José Afonso, num concerto do qual não se supunha haver registo, tendo encetado em seguida uma investigação sobre a possibilidade de haver outras gravações amadoras e encontrado uma realizada a 04 de maio de 1968, no Teatro Avenida, em Coimbra.
Moças referiu-se ao ambiente de então no teatro conimbricense como “pesado, com muitos agentes da PIDE, tendo José Afonso atuado acompanhado apenas por José Pato”.
A gravação de Coimbra é em bobina, “estava em perfeitas condições”, e foi cedida pelo catedrático jubilado de Aveiro, Jorge Rino, colecionador de discos antigos e grafonolas.
A escolha de Adelino Gomes deveu-se ao facto de ter sido o primeiro que entrevistou o autor de “Índios da Meia Praia” quando este regressou de Moçambique em 1967. A bobina desta entrevista ter-se-á perdido, pois não se encontra nos arquivos da ex-Emissora Nacional, na RTP.
José Moças salientou “o trabalho sério de investigação sobre os dois concertos e a ligação entre eles, tendo nesse período o país evoluído muito”.
José Moças contactou a viúva do músico, Zélia Afonso, e os filhos dos dois, Joana e Pedro, que lhe deram “carta branca, estando tudo contratualizado”.
“Quis fazer disto um documento, os dois concertos estão em CD, o de Carreço a partir das cassetes que foram gravadas, o de Coimbra decidi editar juntamente um vinil, porque era a época do vinil”, afirmou.
A edição é da Tradisom, já em pré-venda, e quem encomendar até 20 de fevereiro irá ter o seu nome inscrito no livro, como apoiante.
Depois da apresentação no dia 06 de abril em Carreço, José Moças conta fazer “várias apresentações em todos o país, há já datas, até porque este ano celebram-se os 90 anos do nascimento de José Afonso”.
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