Economia

Concentração do sistema bancário aumentou em 30 anos e é superior à média da zona euro

A concentração no sistema bancário português tem aumentado desde os anos de 1990 e apresenta um nível superior à média da zona euro, segundo o Banco de Portugal, que hoje apresentou as séries longas para o sistema financeiro.

De acordo com o Banco de Portugal, a evolução no sentido do aumento de concentração foi “particularmente evidente na década de 90, tendo sido reforçada em dois períodos em que se verificaram importantes operações de fusão e aquisição – 1995 e 2000”.

Em 1995 houve a aquisição do Banco Português do Atlântico (BPA) pelo Banco Comercial Português (BCP). Já em 2000, o BCP comprou Banco Pinto & Sotto Mayor e Banco Mello, o Santander comprou o Banco Totta & Açores e o Crédito Predial Português e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) comprou o Banco Chemical.

O banco central diz que, tendo em conta a informação que pode ser comparada, Portugal tem mesmo um “nível de concentração superior ao da área do euro”, o que afirma que se pode justificar por “os países mais pequenos tenderem a ter níveis de concentração mais elevados”.

Contudo, diz o Banco de Portugal, a comparação com a área do euro implica uma análise mais aprofundada face a vários países.

A análise da concentração bancária é feita através do índice de Herfindahl-Hirschman, que avalia a concentração de mercado, medindo o peso de crédito, depósitos e ativo nas maiores instituições.

A concentração do sistema bancário também é visível na atividade internacional onde tem havido uma redução acentuada das operações fora de Portugal, uma tendência para a qual contribuíram os anos de crise (sobretudo a partir de 2013), em que diminuiu parte importante da atividade internacional dos bancos portugueses.

A concentração e a consolidação do sistema bancário português é um tema que tem estado em debate no setor, com analistas a considerarem que a necessidade de os bancos reduzirem custos, de responderem a novos operadores que entram no setor, mas também o abrandamento da economia e os baixos juros, podem levar a mais operações de concentração, com fusão de bancos.

Aliás, é conhecido que vários responsáveis europeus têm dado a entender que veriam com bons olhos a consolidação bancária, não só em Portugal como na zona euro, como forma de aumentar a rentabilidade e eficiência dos bancos e criar grandes bancos europeus mais competitivos com bancos não-europeus.

No início de julho, numa conferência internacional em Lisboa, o presidente do Mecanismo Único de Supervisão do Banco Central Europeu (BCE), Andrea Enria, considerou que a dimensão adequada do setor bancário é “difícil de avaliar”, mas que “parece ser claro que o setor bancário europeu continua a ser muito grande” e a precisar de consolidação.

Um dos recentes casos de consolidação bancária na Europa é do grupo bancário espanhol Santander.

Em 2018, comprou por um euro o espanhol Banco Popular, no âmbito da resolução deste.

Já em 2015, em Portugal, o Santander Totta (detido pelo Santander) comprou a atividade bancária do Banif (no âmbito da resolução deste). Em 2018, no âmbito da operação referida, ficou também com a operação do Banco Popular Portugal.

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