Como trabalhar a segurança psicológica nas organizações
Há metas que nem sempre são fáceis de aplicar em contexto laboral. É o caso da segurança psicológica no trabalho, uma ferramenta chave para um trabalho de equipa eficaz, no qual o potencial de todos é crucial. Dentro deste conceito, podemos incluir, por exemplo, a liberdade de exprimir ideias e propor soluções sem medo de receber consequências negativas.
“Trata-se de um fator importante em termos de dinâmicas positivas de equipas, especialmente quando falamos na promoção de uma cultura empresarial de apoio, produtiva e inovadora. Mas alcançá-la é uma tarefa árdua já que muitas vezes são os próprios empresários e líderes – de topo ou intermédios – que têm dificuldades ao nível da disponibilidade para o fazer”, refere Rita Maria Nunes, Country Manager da TAB Portugal que aponta quatro medidas práticas para atingir a segurança psicológica em contexto laboral.
“Enquanto líder de uma organização que trabalha com centenas de empresários a nível nacional e internacional, tenho a profunda convicção de que poucas empresas, nos dias de hoje, conseguem atingir os seus objetivos através de uma gestão de cima para baixo, ou seja, que limite o envolvimento dos colaboradores e desencoraje a apresentação de novas ideias. E para que esses inputs possam aparecer, é necessária a existência de um sentimento de segurança psicológica por parte de toda a equipa”, refere a autora do livro “Pára, Pensa e Transforma o Teu Negócio” e host do podcast “Conversas Informais Sobre Negócios”.
Para Rita Maria Nunes, “é necessário trabalho e uma elevada dose de intencionalidade, transparência, formação de equipas, comunicação aberta, apoio e, também humildade por parte da liderança. É que, na sua essência, a segurança psicológica consiste em construir e promover um ambiente que encoraje, valorize e até recompense a visão pessoal e a criatividade”.
Neste sentido, estas são 4 ações que as lideranças podem levar a cabo com o objetivo de construir o sentimento de segurança psicológica nas organizações:
1. Crie um código de conduta profissional.
Ter elevados padrões de conduta profissional são a base essencial para a segurança psicológica. Interações respeitadoras entre pares e liderança são fundamentais, mesmo em cenários de enorme stress. Considere a criação de um código de conduta profissional para a empresa e inclua o mesmo no manual do colaborador.
2. Torne a comunicação aberta e dê feedback.
Incentive a sua equipa de trabalho a expor as suas ideias e preocupações, seja em conversas à porta fechada ou numa reunião de grupo. Isto inclui desde os seus pontos de vista sobre o estado das operações atuais como de novas implementações. É importante que, embora seja aberto o espaço para considerar e apreciar perspetivas contrárias, as soluções e debates não fiquem presas na análise. Ou seja, quando fizer sentido, comprometa-se a revisitar os problemas após um determinado período de tempo e verifique se podem ou necessitam ser aplicadas novas ideias e/ou ações.
3. Contrate colaboradores que sejam consultores de confiança.
Verifique se os funcionários, em termos de potencial, não têm apenas habilidades e perspicácia, mas também aptidão para serem colaborativos, terem compaixão e, essencialmente, sejam capazes de agir como um consultor de confiança para a organização. Lembre-se que a confiança pode ser algo complicado, tanto ao nível da liderança como em funções hierarquicamente mais baixas, mas tudo começa, desde logo, no processo de contratação. Portanto, procure candidatos com excelentes habilidades, mas também com alto QI e inteligência emocional.
4. Reconheça, aplauda e apoie.
Do ponto de vista da liderança, é importante validar as contribuições individuais mesmo quando essas ideias não se concretizam ou não geram os resultados esperados. Um simples ato de reconhecimento ou de aplauso pode encorajar a equipa e ter como efeito uma espécie de tónico poderoso que se transforma num catalisador de melhorias e inovações futuras.
Tenha sobretudo em mente que cada membro da sua equipa agrega um valor tremendo à organização. Compete-lhe a si, como líder do negócio e/ou de equipas, garantir que eles saibam disso e se sintam psicologicamente seguros o suficiente para o conseguirem demonstrar.