Os investigadores acompanham a fêmea com aparelhos de radiotelemetria e armadilhas fotográficas, com estas últimas a conseguirem obter as inéditas fotos de uma cria. O caso ocorreu na Fazenda Baía das Pedras, no Pantanal do estado do Mato Grosso do Sul.
O ‘processo’ começou em junho de 2012, quando a fêmea passou a partilhar a toca com um macho adulto, que desapareceu passados alguns dias. Em novembro, os cientistas notaram nova alteração no comportamento e na alimentação da fêmea: deixou de mudar de toca periodicamente e passou a reutilizar a mesma durante um mês.
Estas mudanças despertaram ainda mais a atenção dos investigadores, que três semanas depois conseguiram o mais desejado: as armadilhas fotográficas registaram o focinho de uma cria, na altura em que a mãe entrava na toca.
Ainda assim, a equipa do projeto teve de esperar mais um mês para registar a primeira fotografia de corpo inteiro. Só foi possível porque a mãe trocou de toca, a cerca de 200 metros de anterior, permitindo registar a ‘mudança’ do filhote.
Há, ainda, várias dúvidas para responder, como a duração da gestação, o intervalo de tempo entre as gestações e se apenas sai uma cria de cada vez. “Isto ilustra a importância de estudos de longo prazo e a necessidade de árdua dedicação da equipe a fim de obter as informações cruciais para a conservação de espécies raras”, insiste Arnaud Desbiez.
O tatu-canastra é um animal de hábitos noturnos que pode atingir a 1,5 metros (incluindo a cauda) de comprimento e cerca de 50 quilos de peso. As enormes garras, até 20 centímetros, são uma das caraterísticas da espécie com o nome científico “priodontes maximus”. Vive na América do Sul, com predominância para as florestas tropicais, mas os especialistas suspeitam de uma queda populacional. Nos inquéritos aos moradores em áreas vizinhas são cada vez mais os relatos sobre o ‘desaparecimento’ dos tatus.