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“Como mulher livre, insurjo-me. Permitimos que mandem todos para casa ao fim de semana a partir das 13h? Sem discussão? Sem argumentação?”

Sandra Felgueiras, jornalista da RTP responsável pelo espaço de investigação Sexta às 9, no canal público, partilhou nas redes sociais uma publicação longa a dizer que é tempo de se fazer algumas questões a respeito da pandemia, coisas para as quais, até ao momento, não viu ainda serem dadas respostas.

“Quem me conhece sabe que nunca me demito de dizer o que penso”, começou por avisar a jornalista da RTP, salientando que não tem percebido esta estratégia do Governo.

“Em março, insurgi-me contra o facto de o Governo não recomendar o uso de máscaras em espaços fechados e continuar a promover conferências de imprensa diárias no Ministério da Saúde com 10 a 15 pessoas sem máscara, incluindo a própria ministra”, mencionou, dizendo que voltou a lamentar a estratégia quando foi decretado o estado de emergência de então.

“Insurgi-me contra a leviandade com que defenderam o primeiro estado de emergência, esta figura legal-limite que permite suspender direitos, liberdades garantias em nome de um bem social maior, incluindo o poder de determinar o encerramento de escolas como imperativo absoluto”.

Ao tempo de agora, Sandra Felgueiras assegura que “sabemos que as crianças até aos 12 anos dificilmente transmitem o vírus e temos a certeza que os danos de parar a educação serão irreversíveis, razão pela qual temos escolas abertas.”

Desagradada com a atual situação, Sandra Felgueiras diz que usa do poder da liberdade para lançar este texto.

“Hoje, como mulher livre, insurjo-me contra a falta de debate público”, criticou a jornalista da RTP, dizendo que “está por demais evidente que as receitas unânimes do confinamento, sempre que há um surto, não resultam.”

Sandra Felgueiras teme ainda que o “medo” que se vai apoderando das pessoas possa colocar em perigo a vida tal como a conhecemos.

“As ditaduras foram impostas sempre à custa do medo”

“O medo é a antítese da democracia. As ditaduras foram impostas sempre à custa do medo. Medo de dizer. Medo de pensar”, assinala, criticando as “aberturas de jornais catastróficas”.

“Insistimos nesta letargia incoerente de não procurar respostas alternativas, senão o fatalismo, com medo que nos chamem ‘negacionistas'”.

Sandra Felgueiras diz que é preciso combater este “medo”. “Não tenhamos medo. Nem do vírus. Nem de pensar. Nem de dizer mas acima de tudo, não tenhamos medo de viver”, realçou, dizendo que “é tempo de procurar respostas”, e “outras respostas”.

“É tempo de não de nos escondermos atrás do vírus. É tempo de termos esperança e lutarmos pelo nosso futuro. Em sociedade. Ser democrata e defensor da liberdade implica defender o emprego. É isso que estamos a fazer quando permitimos que mandem todos para casa ao fim de semana a partir das 13h? Sem discussão? Sem argumentação?”, pergunta a jornalista.

Nestes tempos de pandemia em que os portugueses têm os seus movimentos limitados, a jornalista da RTP salienta que a realidade é preocupante em relação à saúde mas vê a questão mais adiante.

“O que vejo à minha volta não é sensato. Estamos a matar a economia. A estimular a mentira e a dissimulação entre aqueles que se não trabalharem morrem à fome.”

A responsável pelo programa de investigação Sexta às 9 da RTP avisa ainda que vai procurar respostas.

“Não me derrotam no dogmatismo, mas não me prendem ao ceticismo. A minha missão é descobrir e irei tentar fazê-lo”, disse, explicando que procura respeitar todas as regras para evitar o risco de contágio mas nota que há outros bens essenciais à sua vida e dos familiares que tenta manter.

“Eu uso sempre máscara. Respeito o distanciamento social. Uso álcool gel a toda a hora. E testo-me. Ainda na sexta-feira me testei porque entendo que esta é a única maneira de poder voltar a casa e ver os meus pais. Sim, não vou viver sem ver os meus pais. Porque o meu tempo e o tempo deles é este e não poderei viver a adiar a vida.”

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