Mundo

Comissão política do ADI expulsa presidente eleito hoje em congresso em São Tomé

A comissão política do partido Ação Democrática Independente (ADI), na oposição em São Tomé e Príncipe, decidiu expulsar 14 militantes, incluindo Agostinho Fernandes, hoje eleito presidente do partido, por aclamação, num congresso que aquele órgão não reconhece.

A “comissão política estatutária em efetividade de funções” do ADI, que se reuniu na sexta-feira à noite, decidiu “expulsar das fileiras do partido” Agostinho Fernandes, Álvaro Santiago, Arlete Zeferino, Arlindo Ramos, Cecílio Quaresma, Ekneidy dos Santos, Hamilton Sousa, Ilza Amado Vaz, Levy Nazaré, Octávio Boa Morte, Olinto Daio, Pedro Carvalho, Vitorino do Rosário e Wadson Almeida, segundo a deliberação, enviada hoje à Lusa.

Em causa está a decisão de “um grupo de militantes” que “optaram por não acatar a decisão do conselho nacional”, tomada esta quinta-feira, de adiar, sine die, o congresso do partido – previsto para hoje e destinado a eleger o presidente, após a autossuspensão do anterior líder, Patrice Trovoada, em novembro passado.

A decisão do conselho nacional surgiu depois de Patrice Trovoada, ausente do país há vários meses, ter enviado um vídeo a recomendar o adiamento do congresso.

Agostinho Fernandes, candidato único à liderança do ADI, foi eleito hoje por aclamação, no congresso, depois de na sexta-feira o presidente da comissão eleitoral do partido ter garantido estarem reunidas as condições para o encontro.

Contactado pela Lusa, um elemento da candidatura de Agostinho Fernandes, também visado nesta decisão da comissão política, desvalorizou: “Não se reuniu a comissão política, tudo isto é ilegal”, afirmou, indicando ainda não ter sido notificado.

Em declarações à Lusa, o líder parlamentar e membro da comissão política do ADI, Abenilde Oliveira, afirmou que o conselho nacional, “o maior órgão deliberativo do partido entre congressos”, tinha decidido pelo adiamento do congresso previsto para hoje, uma deliberação que “deve ser acatada e respeitada por todos”.

“Não entendemos porque é que alguns militantes decidiram avançar com o congresso”, comentou.

“A comissão política, avaliando a gravidade deste posicionamento dos companheiros, que não acataram a decisão soberana do conselho nacional, decidiu aplicar a medida disciplinar mais gravosa”, adiantou Abenilde Oliveira.

O líder parlamentar do ADI sublinhou que “a realização [hoje] do dito congresso não tem qualquer efeito”, comentando que hoje participaram nessa reunião “pessoas que não são militantes do ADI e que foram pagas para irem ao congresso”.

“Não nos revemos em Agostinho Fernandes, ele não é nosso presidente”, salientou.

Após a sua eleição no congresso, que decorreu esta manhã no Cinema Marcelo da Veiga, na capital são-tomense, Agostinho Fernandes definiu como prioridade a união do partido e anunciou que vai contactar “todos os atores sociais” para procurar “um consenso”.

O presidente eleito afirmou a intenção de procurar “um consenso e entendimento” com o seu antecessor, “cuja visão, dedicação e contribuição para o crescimento e relevância política do ADI lhe reservam, sem a mais pequena sombra de dúvidas, um lugar de honra na estrutura do partido”.

Em destaque

Subir