A placentofagia é uma das novas ‘modas’ das celebridades, mas no Reino Unido é uma batalha jurídica. Após uma empresa vender ‘formação’ para comer a placenta, o caso chegou aos tribunais. Em causa estão os benefícios da prática e o risco de contaminação do produto.
Uma das novas modas popularizadas por algumas celebridades, com destaque para o ator Tom Cruise, é a placentofagia. A ideia, defendem, é aproveitar os muitos nutrientes da placenta, o órgão vascular que une o feto à parede do útero materno e permite a passagem de materiais nutritivos e oxigénio para o sangue do feto, assim como a eliminação de dióxido de carbono e resíduos nitrogenados.
A placenta é um dos subprodutos do parto e, na maioria dos casos, é descartada após o nascimento do bebé. Contudo, há cada vez mais pessoas, especialmente as próprias mães, que bebem um ‘batido’ ou colocam uma ‘fatia’ do órgão sobre a gengiva, de forma a aproveitar as vitaminas.
Mas também há quem desidrate a placenta e a coloque em cápsulas, facilitando a ingestão. Foi aqui que nasceu a recente polémica judicial que está a agitar o Reino Unido.
Embora os benefícios para a saúde não tenham sido validados cientificamente, várias empresas têm oferecido serviços e produtos, com destaque para as cápsulas de placenta.
É o caso da Independent Placenta Encapsulation Network (IPEN), que vende produtos de placenta entre os 40 dólares (pouco acima dos 29 euros) pela vitamina em bebida e os 250 (182 euros) pelas cápsulas, mas sobre a qual corre um processo que pode determinar o encerramento compulsivo da atividade.
A deliberação mais recente data de outubro do ano passado, quando o Dacorum Borough Council, uma autoridade do condado de Hertfordshire, proibiu a IPEN de oferecer produtos devido ao risco de contaminação por bactérias. Esta é uma das várias decisões que se encontra atualmente em recurso.
A polémica não é nova no Reino Unido. Em 1998, um canal de televisão foi repreendido pelo regulador após exibir um programa no qual um conhecido chef fritou uma placenta com cebola e alho, formando um puré que serviu no pão a 20 parentes e amigos da mulher que ‘doara’ o órgão.
Na China, a crença popular aponta propriedades curativas à placenta, que é servida desidratada e moída em vários remédios artesanais.
No mundo animal, a grande maioria dos mamíferos consome todos os subprodutos do parto.
Os adeptos da placentofagia defendem que o consumo dá energia, pode aumentar a produção de leite e até prevenir a depressão pós-parto.