Economia

Combater a pobreza pode prejudicar a poupança, avisa o Banco de Portugal

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Uma frase no Boletim Económico do Banco de Portugal foi o suficiente para lançar a polémica. O regulador salientou que “as alterações da desigualdade na distribuição do rendimento poderão ter um impacto não negligenciável sobre a evolução da poupança”, ou seja: poupar é coisa de ricos.

A frase em causa visava explicar a queda na taxa de poupança das famílias, que entre 1999 e 2015 caiu quase para metade, baixando dos 11,4 para os 4,2 por cento do rendimento disponível.

Só que “cerca de 80 por cento da poupança em Portugal é gerada por 20 por cento das famílias que têm rendimentos mais elevados”, enquanto “as famílias de menores rendimentos apresentam uma poupança negativa”.

Daí o alerta do Banco de Portugal: “As alterações da desigualdade na distribuição do rendimento poderão ter um impacto não negligenciável sobre a evolução da poupança agregada”.

Nas redes sociais, esta expressão do organismo liderado por Carlos Costa não tardou a ser interpretada de forma mais simples, sobretudo nas redes sociais: poupar é um luxo só ao alcance dos ricos.

Com base nesta interpretação, a polémica não demorou. Se “a poupança se distribui de forma muito desigual entre a população”, como admitiu o regulador da banca, isto significa que combater a pobreza pode ter um impacto negativo (e “não negligenciável”) sobre a poupança.

No ano passado, de acordo com os dados referidos no Boletim Económico, a taxa de poupança rondou os 4,2 por cento do rendimento disponível, o mínimo histórico e um valor que é três vezes inferior à média da zona euro, de 12,5 por cento.

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