A família Le Pen está em guerra e agora toda a gente o sabe. Marine, a líder da Frente Nacional, afirmou que vai proibir o pai de ser candidato nas próximas eleições regionais francesas. “Jean-Marie Le Pen parece ter entrado numa verdadeira espiral de terra queimada e suicídio político”, comentou a líder (moderada) da extrema-direita.
Quem diria que o anti-semitismo iria provocar uma cisão na família que domina o principal partido da extrema-direita em França, a Frente Nacional (FN)? Pois a guerra entre os Le Pen é agora pública e inegável.
Em comunicado, a líder do partido, Marine Le Pen, criticou o presidente honorário, do qual é filha, e garantiu que tudo vai fazer para impedir o pai de se candidatar nas próximas eleições regionais.
“Jean-Marie Le Pen parece ter entrado numa verdadeira espiral de terra queimada e suicídio político”, criticou a filha: “Tendo em conta esta situação, informei Jean-Marie Le Pen que me oporei” à candidatura dele em dezembro.
A cisão familiar surge depois da entrevista do presidente honorário da FN, que é eurodeputado, ao Rivarol (um semanário de extrema-direita Rivarol) em que Jean-Marie Le Pen defendeu a memória de Philippe Pétain, o marechal que liderou o regime colaboracionista francês com a Alemanha nazi.
Antes desta entrevista, Jean-Marie Le Pen tinha reiterado a expressão que lhe valeu uma condenação em tribunal: o “pormenor” que foram câmaras de gás dos campos de concentração nazis, na altura da II Guerra Mundial.
Este ‘excesso de anti-semitismo’ levou Marine Le Pen, que tem feito a FN crescer graças a uma linha (ligeiramente) mais moderada, a anunciar a ‘renúncia’ ao pai, numa decisão que a deixou com uma “tristeza profunda”.
O principal, agora, é “proteger os interesses políticos da Frente Nacional”, acrescentou a líder do partido, criticando o pai: “O estatuto de presidente honorário não lhe permite sequestrar a Frente Nacional com provocações grosseiras cujo único objetivo é prejudicar-me e que, lamentavelmente, atingem todo o movimento, os seus dirigentes, candidatos, militantes e eleitores”.
A guerra familiar rapidamente atingiu o partido, com as principais figuras a comentarem o tema nas redes sociais.
“A rutura política com Jean-Marie Le Pen é total e definitiva”, escreveu Florian Philippot, o vice-presidente da FN, enquanto o também ‘vice’ Louis Aliot considerou “os desacordos políticos” com Jean-Marie “irreconciliáveis”.