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Com 93 anos, alemão é acusado de cumplicidade por 300 mil mortes em Auschwitz

groning Oskar Gröning, de 93 anos, foi formalmente acusado de cumplicidade no assassinato de 300 mil pessoas. Como guarda no campo de Auschwitz, este alemão “ajudou o regime nazi a beneficiar-se economicamente e apoiou os assassinatos sistemáticos”, acusa o Ministério Público.

Oskar Gröning nem devia imaginar que iria esperar até aos 93 anos para ser responsabilizado pelos crimes que cometeu durante a II Guerra Mundial, na qual exerceu as funções de guarda prisional no ignóbil campo de concentração de Auschwitz.

Entre 1942 e 1944, Gröning era um oficial das SS que ficou encarregue de separar os pertences das pessoas levadas para o campo, separando os objetos valiosos e eliminando os restantes.

Entre maio e julho de 1994, segundo o Ministério Público alemão, o trabalho deste guarda foi responsável, por cumplicidade, pelo extermínio de cerca de 300 mil pessoas, na grande maioria judeus de nacionalidade húngara.

Segundo a acusação, o arguido “ajudou o regime nazi a beneficiar-se economicamente e apoiou os assassinatos sistemáticos”.

Oskar Gröning não negou os factos, mas defende que ser acusado de cumplicidade “é um pouco excessivo”.

“Eu descreveria o meu trabalho como um pequeno parafuso numa grande engrenagem. Se isso for entendido como culpa, então eu sou culpado, mas não voluntariamente. Do ponto de visto legal, eu sou inocente”, argumentou.

Não é a primeira vez que o Ministério Público alemão vai atrás deste ex-oficial da SS, que desde a II Guerra Mundial tem vivido na região de Hanover. Nos anos 80, uma acusação semelhante terminou arquivada porque os procuradores falharam em provar a ligação de Gröning com, pelo menos, um assassinato em específico.

A situação para os participantes na II Guerra Mundial mudou em 2011, quando foi aprovado um novo regime legal na Alemanha. Até os funcionários com funções ‘menores’ poderiam ser levados a tribunal.

Dos três casos abertos nessas condições, o Ministério Público só fez avançar o de Oskar Gröning. Em cerca de 30 suspeitos, são muito poucos os indivíduos que ainda têm saúde para aguentar o julgamento.

O antigo guarda prisional testemunhou, em 2005, para um documentário sobre a II Guerra Mundial e concedeu uma entrevista à revista Der Spiegel.

“Eu vi as câmaras, eu vi os fornos”, assumiu Gröning, justificando o testemunho, décadas volvidas, com a necessidade de esquecer os “episódios brutais” a que assistiu em Auschwitz, como quando um colega das SS assassinou um bebé.

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