Ciência

Cientistas avançam na criação de uma vacina contra a cocaína

A partir de uma molécula da própria cocaína, poderá ser possível tratar a dependência daquela droga. Uma equipa de investigadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Brasil, deu os primeiros passos para a criação de uma vacina, capaz de produzir anticorpos.

Longe vão os tempos em que a cocaína era uma droga de acesso restrito. Com o passar dos anos, esta droga passou a estar acessível a outros extratos sociais.

Por outro lado, o consumo de drogas como a cocaína, em Minas Gerais está acima da média do país. Há mais de 29 mil pessoas, só em Belo Horizonte, dependentes desta droga. Acresce que, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o consumo de cocaína no Brasil já é quatro vezes superior à média mundial.

Estes foram os pontos de partida para um estudo que conduziu à criação de uma vacina contra a cocaína, com a finalidade de combater a dependência. Este é, segundo os investigadores de psiquiatria da UFMG, Frederico Duarte Garcia, e Ângelo de Fátima, do departamento de química orgânica, o único caminho a seguir.

O estudo permitiu criar uma nova molécula capaz de levar o organismo “a fabricar anticorpos, de forma eficaz e segura”.

“Esses anticorpos modificam a farmacocinética da cocaína, reduzindo de 75 a 90 por cento a fração livre da droga na corrente sanguínea. Esse bloqueio impede a entrada das moléculas de cocaína no sistema nervoso central e minimiza os efeitos euforizantes e reforçadores da droga, fazendo o usuário se desinteressar”, explica Frederico Duarte Garcia, citado pelo jornal O Tempo.

Os investigadores realizaram testes em animais, utilizando quatro dosagens de medicação. A reação foi eficaz e duradoira.

Resta saber quantas doses seriam necessárias para os humansos, mas de acordo com o investigador, “a vacina seria utilizada somente para pacientes com dependência química que estivessem fortemente motivados a parar de usar a droga”.

O mesmo sistema poderá ser eficiente no combate a outros tipos de dependentes, segundo acreditam os investigadores da UFMG.

“Os ratos que foram vacinados, quando recebem uma dose da droga, não percebem o seu efeito. Por isso, não ficam desinibidos ou agitado’ como o grupo que recebeu o placebo”, explica Frederico Duarte Garcia.

De acordo com os resultados preliminares, uma vacina evita a ação da cocaína em fetos dos animais, o que permite acreditar num efeito protetor para os bebés daqueles animais de laboratório.

Durante o próximo ano, os investigadores vão aprofundar as experiências. Primeiro, com voluntários, depois com dependentes de cocaína.

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