A ciclovia de Matosinhos que obriga os peões a caminhar em fila indiana

Matosinhos fez uma aposta muito positiva nas ciclovias. A cidade quer promover hábitos saudáveis e incentivar o uso da bicicleta. O problema foi uma ciclovia em particular, que desincentiva outro hábito salutar: andar a pé. A Câmara Municipal já reagiu à polémica. Num comunicado assinado pelo vereador dos Transportes e da Mobilidade, José Pedro Rodrigues, fala em “erro de projeto”.

O conceito de ciclovia foi adotado por algumas cidades e tem, entre outros méritos, a promoção de hábitos saudáveis e o incentivo à escolha da bicicleta, em detrimento do automóvel. Promove-se a saúde, protege-se o ambiente, cria-se uma nova opção de mobilidade.

Apesar de se considerar uma medida consensual, falta ainda encontrar o ponto de equilíbrio, tendo em vista uma harmonia entre ciclistas, automobilistas e peões.

É o que sucede em Matosinhos. A criação de uma ciclovia bizarra suscitou estranheza e motivou até indignação. A solução encontrada foi ‘esmagar’ os peões num espaço estreito, inseguro, do lado exterior do passeio.

Quer circular de mão dada com o seu filho, por exemplo? Não pode. Só em fila indiana. E quantos sentidos tem aquele passeio? Até a pergunta se torna estranha…

E se por azar um condutor estacionar um veículo bem junto ao passeio, terá de se desviar dos retrovisores, que invadem a área destinada aos peões.

Do lado interior do passeio, uma ciclovia que parece ser insuficiente para os dois sentidos que lhe destinaram.

Entende-se a política de apostar nas ciclovias, mas não pode ser o peão a ceder o seu espaço, sob pena de o conceito que está na base das vias para bicicletas impedir outro hábito igualmente saudável: caminhar.

Entretanto, a onda de críticas ao projeto levou a que o mesmo fosse corrigido. A Câmara Municipal de Matosinhos emitiu um comunicado a esclarecer o que chama de “erro de projeto”.

O vereador dos Transportes e da Mobilidade, José Pedro Rodrigues, realça que “a linha contínua pintada no passeio nascente corresponde a um erro de projeto. Foi pintada na passada terça feira, dia 26 de Julho, e no dia seguinte o lapso começou a ser corrigido”.

Num segundo ponto do mesmo comunicado, o vereador garante que “a solução final para o percurso ciclável nesta avenida não contempla nenhuma linha contínua no passeio, mas sim a marcação de sinalização indicativa da circulação cicloviária no pavimento das faixas de rodagem, em ambos os sentidos”.

Já no passeio nascente “haverá uma coexistência ocasional entre ciclistas e peões, sem delimitação de cada uma das áreas, apenas com sinalização indicativa”.

Veja a foto, da autoria de Pedro Mota, um cidadão surpreendido com a distribuição de espaços.