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Chefe das Forças Armadas guineenses afasta “qualquer cenário de golpe de Estado”

O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, Biaguê Na Ntan, afastou hoje “qualquer cenário de um golpe de Estado” no país, contrariando rumores que circulam nos últimos dias.

“O povo da Guiné-Bissau pode dormir tranquilo nas suas casas, sem ameaças de golpes, sem ameaças de nada”, disse o general Na Ntan, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com as chefias das Forças Armadas, em Bissau.

O dirigente militar disse ter transmitido aos presentes na reunião, que decorreu no Quartel General, com a presença de cerca de três centenas de oficiais, que as Forças Armadas “não estão interessadas que haja conflito” no país.

“Estamos em paz e assim vamos continuar, em segurança, ajudando o povo, sempre, para que durma tranquilo”, observou Biaguê Na Ntan, que disse ainda não sentir “nenhum perigo iminente” no país.

Expressando-se em crioulo, o responsável militar afirmou ter sido assumido “de forma unânime” na reunião que as Forças Armadas “não vão entrar em nenhum jogo político”.

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde venceu as eleições legislativas de 10 de março sem maioria, conseguindo eleger 47 deputados, mas fez um acordo de incidência parlamentar com a União para a Mudança, Partido da Nova Democracia e a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau, juntos representam 54 dos 102 deputados do parlamento guineense.

Contudo, quase três meses depois das eleições legislativas, o Presidente guineense, José Mário Vaz, ainda não indigitou o primeiro-ministro, o que permitirá a formação do governo, alegando um diferendo para a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP).

“Não queremos qualquer aproximação dos políticos. Que fiquem longe de nós”, sublinhou na declaração de hoje Na Ntan, reforçando que o que se pretende, neste momento, é criar as condições para formação e capacitação dos militares para que possam ajudar a desenvolver o país.

Biaguê Na Ntan destacou que lembrou aos presentes que continua determinado em não meter na prisão qualquer soldado que tente perturbar a paz social.

“A ordem que dei aos militares aqui é de tolerância zero. Qualquer pessoa encontrada com arma na rua fora de horas, já sabe qual é o seu destino”, avisou Na Ntan, que qando assumiu a chefia das Forças Armadas guineenses, em setembro de 2014, anunciou que não tinha lugar na prisão para militar que tentasse dar golpe de Estado, mas sim colocá-lo no cemitério, morto.

Na Ntan, de 69 anos, reafirmou a subordinação “de todos os militares” ao poder político, à Constituição da República e às leis do país, mas também lembrou que as Forças Armadas têm uma cadeia de comando a que devem obediência.

Ainda em convalescença médica, após ter regressado a semana passada de um tratamento médico em Cuba e em Marrocos, o general Na Ntan desdramatizou informações postas a circular no país que davam conta da sua eventual morte no estrangeiro.

“Falaram que eu morri. Isso não me preocupa, quero é organizar as Forças Armadas”, afirmou.

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