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CGTP diz que meia hora foi “fantasma” para que o ataque aos trabalhadores “parecesse suave”

carvalho_silvaLíder da CGTP, Carvalho da Silva, diz que a medida de meia hora de trabalho adicional foi uma estratégia “ardilosa”, para que “o ataque laboral parecesse suave”. O acordo de concertação social representa, segundo o sindicalista, uma machadada em “vitórias da luta laboral”. Carvalho da Silva promete “não dar descanso” aos patrões, através do reforço da organização dos trabalhadores.

O líder da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses, Carvalho da Silva, resumiu o novo cenário laboral em quatro questões: apropriação dos meios do Estado ao serviço dos acionistas das empresas, “retirando recursos para as áreas da Educação, Ensino e Saúde”; alteração de forças dentro das empresas, “com reforço do poder patronal”; “corte nos direitos do trabalho, na remuneração e fragilização da Segurança Social”; e, por último, um “ataque à contratação coletiva”.

Num discurso junto à Assembleia da República, Carvalho da Silva acusou o Governo de deitar por terra algumas das vitórias da luta sindical, “ao longo de décadas”, sobretudo no que diz respeito às horas de trabalho. Outros setores, considera, “encontraram neste processo a possibilidade de imporem uma violenta revisão das leis laborais e condições de trabalho”.

“Provoca-me revolta que estas pessoas se regozijem… De forma cínica, manhosa e mentirosa, é feito um acordo vergonhoso, debaixo do título de competitividade, crescimento e emprego”, acusou, usando reiteradamente a palavra “mentira”. O acordo de concertação foi “um processo oculto”, segundo o líder da CGTP, que só não chegou mais além porque existe “uma grande central sindical”.

Carvalho da Silva chama a si o mérito no fim da meia hora diária de trabalho extraordinário não remunerado. Mas defende que este “ataque aos trabalhadores” foi argumento para que os patrões “impusessem uma revisão da legislação do trabalho”.

O líder da CGTP considera que a medida apenas foi um “fantasma” lançado para cima da mesa, “para que tudo o resto parecesse menor”, para que o “ataque” parecesse suave, com a retirada da medida: “Foi a operação mais ardilosa e mais cínica, contra os trabalhadores, desde o 25 de Abril”.

Com críticas veladas a João Proença, secretário-geral da UGT, que rubricou o acordo, Carvalho da Silva falou em “ingenuidade” e não compreende o argumento daquele sindicalista, que deu relevância à retirada da meia hora diária de trabalho.

“Nós desdobrámo-nos em trabalho. De dia, de noite, com esta tentativa de imposição das duas horas e meia de trabalho por semana. Com emoção, quero agradecer a todos os trabalhadores e sindicalistas, que agiram, que acreditaram que seria possível derrotar a medida”, afirmou Carvalho da Silva.

Para o dirigente sindicalista, “os bancos de horas, a reduções dos dias de férias, da proteção do desemprego, do apoio a desempregados, a facilitação do despedimento” representam uma “violência” desmedida para os trabalhadores.

“Não vamos dar tréguas. Vamos fazer um enorme congresso, na próxima semana. Só há um caminho: reforçarmos a organização dos trabalhadores no local de trabalho. A CGTP vai revitalizar esta área. A palavra de ordem é ‘não lhes dar descanso’”.

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