A empresa estatal diamantífera de Angola está a realizar um leilão de sete “pedras especiais”, uma das quais um diamante com quase 115 quilates, com cerca de 40 empresas, incluindo cinco angolanas, habilitadas a licitar.
A Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam), do grupo da Endiama (Empresa Nacional de Diamantes de Angola) fez saber que o leilão, num novo modelo de venda de diamantes definido pelo Governo, será feito através de um plataforma eletrónica ‘online’ e contará com licitações fechadas, pelo que os concorrentes não saberão das ofertas uns dos outros.
O período para apresentação de licitações às sete “pedras especiais” (assim consideradas por ultrapassarem os 10,8 quilates) abriu às 00:00 locais de quarta-feira (23:00 de terça-feira em Lisboa), através da plataforma www.sodiamsales.com, encerrando às 12:00 locais de quinta-feira (11:00 em Lisboa).
Os resultados do leilão serão divulgados até sexta-feira de manhã, garantiu o presidente do conselho de administração da Sodiam, Eugénio Rosa.
“Queremos fazer de Angola uma praça de relevo no mercado diamantífero mundial, agora que o país tem uma nova política para o setor, que lhe deu a modernização e uma maior transparência, dando-lhe também credibilidade e maior eficácia e colocando-a nos patamares internacionais”, sublinhou Eugénio Rosa, salientando que a mudança de paradigma “veio para ficar”.
Os sete diamantes – de 114,94, 85,24, 75,62, 70,08, 62,05, 46,17 e 43,25 quilates – são todos oriundos da Sociedade Mineira do Lulo, na província da Lunda Norte, “zona que tem um grande potencial para novas pedras especiais”.
Nesse sentido, o presidente do conselho de administração da Endiama, José Manuel Ganga Júnior, admitiu anteriormente a possibilidade de Angola vir a participar, até ao final do ano, “em cinco ou seis” leilões em plataformas internacionais, tudo dependendo da “quilatagem” dos diamantes que, entretanto, forem encontrados no Lulo.
“No passado, estávamos a ter prejuízos médios na indústria mineira de 300 milhões de dólares por ano e os investidores desapareceram, porque o comprador estava à partida definido. A partir de agora, não haverá futuro no mercado diamantífero a médio e longo prazos sem se falar de Angola”, vaticinou.
O presidente do conselho de administração da Endiama afirmou à agência Lusa, na semana passada, que 16 milhões de dólares (13,9 milhões de euros) seria um “bom” resultado para este leilão.
“Mas tudo é sempre muito relativo. Não sabemos se aparecerá um xeque qualquer que decida comprar o diamante mais valioso por um preço que deixe longe todas as restantes ofertas”, brincou, então.
Neste leilão, o Estado arrecadará sempre 7,5 por cento do montante leiloado (5 por cento em royalties e 2,5 por cento referente ao imposto industrial antecipado).
Segundo as previsões dos operadores do setor, aguarda-se para 2019 que as empresas diamantíferas possam colocar no mercado 1,3 mil milhões de dólares (1,13 mil milhões de euros) em diamantes, sendo que, em receitas fiscais, o Estado angolano arrecadará sempre 25 por cento do valor total.
O maior diamante encontrado em Angola, comprado em 2016 pela joalharia suíça De Grisogono, de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, foi transformado numa joia rara de 163,41 quilates e, entretanto, vendido, em leilão, pela Christie’s, por 34 milhões de dólares (29,7 milhões de euros).
O diamante, o 27.º maior em todo o mundo, tinha originalmente 404,2 quilates e sete centímetros de comprimento, quando foi encontrado, em fevereiro de 2016, por uma empresa mineira australiana também no campo do Lulo.
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