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Centros de saúde de Lisboa querem o fim do ato obsceno de mendigar consulta

centro_saudeOs centros de saúde de Lisboa e Vale do Tejo registam mais de 600 mil utentes sem médico de família. O ato obsceno de mendigar por uma consulta tem de acabar, defende a Administração Regional de Saúde, que tem no terreno um projeto-piloto para aproveitar as ‘sobras’ que vão resultar duma limpeza da lista de utentes.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) quer aproveitar a ‘limpeza’ na lista de utentes dos centros de saúde – quem não utilizar uma unidade no prazo de três anos será eliminado, como o PTJornal noticiou ainda esta semana – para atribuir um médico de família a quem não o tem. Segundo os dados da ARSLVT, nesta região existem mais de 600 mil utentes sem médico de família.

Luís Cunha Ribeiro, presidente da ARSLVT, revelou que está no terreno uma experiência para aferir a viabilidade da operação. Este projeto-piloto está a decorrer no Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Oriental, devendo ser alargado, durante a próxima semana, às unidades de Amadora e de Cascais.

Segundo as estimativas do responsável da ARSLVT, 90 por cento dos 40 a 50 mil utentes sem médico de família registados nos centros de saúde de Marvila, Olivais, Penha de França e São João e Graça vão ficar adstritos a um médico de família.

As vagas surgirão consoante os resultados da ‘limpeza’ do Registo Nacional de Utentes. Esta foi concebida para eliminar os utentes já falecidos e os que estejam registados em duplicado, sendo realizada através da eliminação dos nomes de quem não usar os centros de saúde num período de três anos.

Este procedimento pode originar que utentes com médico de família sejam apagados dos registos, mas Luís Cunha Ribeiro assegura que “ninguém fica sem médico de família”. Nesses casos, o paciente será atendido por um outro clínico do centro de saúde, pois “não fará muito sentido ter pessoas que não vão ou nunca foram ao centro de saúde inscritas nas listas dos médicos”.

O presidente da ARSLVT preconiza outras medidas a tomar a breve prazo, como a revisão das listas e a flexibilização do horário de atendimento clínico consoante o número de utentes. “Um médico com horário de 35 horas tem de ter um número diferente de um que tem 42 horas e é pago para isso”, salienta.

A ARSLVT vai aguardar por um sinal verde do Ministério da Saúde para estender a experiência a todos os centros de saúde que tutela. O objetivo principal é acabar com o ritual “obsceno” de mendigar o atendimento: “termos os nossos idosos irem às seis da manhã para os centros de saúde a mendigar uma consulta porque não têm médico de família. Isso não vai voltar a acontecer”.

 

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