O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) reconheceu hoje a carência de médicos para assegurar as urgências, mas afirma que ainda foi possível compensar a saída de clínicos, apesar do “relevante esforço” que tem sido feito.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul afirmou hoje em comunicado que 21 chefes de equipa do serviço de urgência do CHULN, que inclui os hospitais Pulido Valente e Santa Maria, “entregaram minutas de escusa de responsabilidade dada a situação atual de carência” de médicos.
Considerando que não há condições para cuidados de saúde de qualidade e em segurança, os médicos recusam assumir “qualquer responsabilidade pelos acidentes ou incidentes” que possam acontecer por causa do que chamam “deficientes e anómalas condições de organização do serviço causadas pela insuficiência dos meios humanos”, sublinha o sindicato.
Em comunicado, o CHULN reconhece as “carências existentes”, em termos de médicos para a atividade de urgência, mas esclarece que “mercê do esforço, flexibilidade e incontestável dedicação dos profissionais, é nos fins de semana que se verifica a maior dificuldade em equilibrar a dotação das equipas, pois nos dias úteis, incluindo os períodos noturnos, a articulação entre as equipas permite dotações mais adequadas”.
O CHULN lembra que, como unidade hospitalar de referência, incorpora “uma Urgência Polivalente que regista a maior afluência diária da Região de Lisboa e Vale do Tejo, pugnando por assegurar cuidados de saúde de qualidade”.
“No contexto das incontornáveis solicitações assistenciais, nomeadamente em contexto de urgência, é preocupação do Conselho de Administração identificar os constrangimentos e limitações existentes, no sentido de procurar soluções que conduzam à preservação dos elevados níveis de cuidados prestados à população”, afirma no comunicado.
Na quarta-feira realizou-se uma reunião entre o diretor clínico e todos os chefes de equipa da urgência, “para, com transparência e frontalidade, serem objetivados os problemas e perspetivadas as soluções que, a curto prazo, mitiguem as dificuldades e a médio/longo prazo tragam a necessária estabilidade e solidez às condições de trabalho e prestação de cuidados”.
O CHULN refere que, nos últimos anos, mercê do envelhecimento da população médica e do progresso das determinações que regulam o exercício da profissão médica, assistiu-se à saída das escalas da Urgência Geral de especialistas e internos das outras especialidades médicas, sendo atualmente as equipas constituídas quase exclusivamente por médicos de Medicina Interna.
Apesar do “relevante esforço” que tem vindo a ser feito no sentido de “reforçar de forma consistente o quadro de internistas do CHULN, bem patente na atribuição de 13 vagas no último concurso de recrutamento e na prioridade dada também a esta especialidade para o concurso a ser aberto brevemente a nível nacional, não foi ainda suficiente para compensar as saídas atrás referidas”.
Dados enviados à Lusa pelo centro hospitalar indicam a evolução do número de especialistas no CHULN desde 2016.
A evolução mostra “uma subida sustentada quer do total de médicos – o centro hospitalar tem hoje 864 especialistas, mais 52 do que em outubro de 2016 -, quer dos especialistas de Medicina Interna – que são hoje 95, quando há três anos eram 87”, refere o CHULN, salientando que este aumento será reforçado “ainda mais com vagas nos próximos concursos”.
Em termos absolutos, a evolução anual de especialistas “foi sempre de dois dígitos nos últimos anos”, afirma, acrescentando: “Entre outubro de 2016 e outubro de 2017, por exemplo, o centro hospitalar passou a contar com mais 24 médicos especialistas, a que se somaram mais cerca de 30 (28) de lá para cá”.
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