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Centro Hospitalar de Lisboa Central “reconhece o essencial das queixas” de chefes demissionários

A administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central “reconhece o essencial das queixas” e dos problemas levantados pelos chefes de equipa que apresentaram a sua demissão e garante que está a tentar encontrar soluções.

Em declarações à agência Lusa, fonte oficial da administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra o Hospital de São José, confirmou a receção da carta dos chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral que apresentaram a sua demissão, por considerarem que as condições da urgência não têm níveis de segurança aceitáveis.

“A administração reconhece o essencial das queixas”, disse a mesma fonte oficial, adiantando que o Centro Hospitalar tem reunido com os vários chefes de equipa e com os serviços “para tentar encontrar soluções” para os problemas apresentados.

A agência Lusa teve acesso à carta que contém o pedido de demissão destes chefes de equipa do Centro Hospitalar de Lisboa Central. No documento, os profissionais apontam para a consecutiva degradação da assistência médica prestada no serviço de urgência do Hospital São José, considerando que se chegou a uma “situação de emergência” que impõe “um plano de catástrofe”.

“Os chefes de equipa de medicina interna e de cirurgia geral, responsáveis pelos cuidados médicos de urgência prestados durante o seu período de serviço, consideram que as atuais condições de assistência no Serviço de Urgência do Hospital de S. José ultrapassaram, em várias das suas vertentes, os limites mínimos de segurança aceitáveis para o tratamento dos doentes críticos que diariamente a ele recorrem”, refere a carta.

Os profissionais indicam que a assistência médica prestada na urgência polivalente do Centro Hospitalar de Lisboa Central “tem vindo a sofrer, ao longo dos últimos anos, uma degradação progressiva constatada por todos os profissionais” que lá trabalham.

Consideram que a falta de pessoal não se verifica apenas nas equipas de medicina interna e de cirurgia geral, mas também noutras especialidades implicadas na assistência aos doentes que recorrem ao serviço de urgência.

Segundo a carta, muitas vezes o elemento mais diferenciado é “o interno dos últimos anos da respetiva especialidade”.

Entendem os profissionais demissionários que a situação não é aceitável num serviço de urgência “que recebe todos os casos mais complicados e os doentes mais críticos, muitas vezes enviados de outros hospitais”.

“A política de recursos humanos, ou a sua ausência, não procedendo à contratação de médicos mais jovens que rejuvenesçam as equipas, cada vez mais envelhecidas, e compensem as saídas que, pelos mais diversos motivos, se têm verificado, tem levado a uma delapidação progressiva dos médicos que as integram”, refere a carta dos profissionais que apresentaram a sua demissão.

Referem que alertaram para a situação várias vezes e que reclamavam, “na atual situação de emergência a que se chegou, a adoção de um ‘plano de catástrofe’, baseado, sobretudo, na gestão racional de recursos financeiros e humanos centrada no doente e com envolvimento dos responsáveis diretos pelo seu tratamento”.

“Seria, também, fundamental uma avaliação profunda das razões que levaram à acentuada diminuição da procura de formação no atual CHLC, em oposição franca à que anteriormente se verificava, bem como das razões que levaram ao abandono precoce de muitos especialistas e mesmo à inexistência de candidatos nalguns concursos que foram abrindo”, lamentam.

Os profissionais indicam ainda que vão dar conhecimento da situação ao bastonário da Ordem dos Médicos.

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