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Centeno atribui desaceleração da economia na zona euro a ‘Brexit’ e tensões comerciais

O presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, atribuiu hoje a desaceleração do crescimento da economia, confirmada pelas previsões da Comissão Europeia na semana passada, a “riscos políticos acumulados na Europa” devido ao Brexit e às tensões comerciais.

Falando hoje em Bruxelas, à entrada para a reunião do Eurogrupo, o responsável reagiu às previsões económicas de inverno publicadas na última quinta-feira pela Comissão Europeia, que procedeu a uma revisão em baixa do ritmo do crescimento na zona euro (estima agora que se fique pelos 1,3 por cento em 2019) e também do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português para este ano, antecipando uma expansão de 1,7 por cento, abaixo da estimativa de 2,2 por cento do Governo.

“Todos sabemos que representam uma desaceleração do crescimento [económico] na Europa e que essa desaceleração está muito associada aos riscos políticos acumulados na Europa, em particular os que estão relacionados com o Brexit e às tensões comerciais”, declarou Mário Centeno.

Ressalvando que “hoje as estruturas na área do euro são muito mais fortes do que eram antes da crise”, o também ministro das Finanças português vincou que “a Europa sabe que pode e deve continuar a fazer melhor”.

“Fizemos inúmeras reformas e sabemos que podemos melhorar bastante e devemos fazê-lo”, salientou.

O Eurogrupo reúne-se hoje em Bruxelas tendo em agenda as previsões económicas de inverno da Comissão Europeia, mas também discussões sobre a vigilância pós-programa a Portugal e sobre um instrumento orçamental para a convergência na zona euro.

Numa reação às previsões publicada no Twitter, na quinta-feira, Mário Centeno pediu para não se “retratar” a desaceleração económica como “crise”, e solicitou medidas dos governos europeus contra “os riscos”.

No que toca à vigilância pós-programa a Portugal, no final desta missão, os peritos da Comissão Europeia alertaram para o risco “significativo” de desvio das metas orçamentais e recomendaram prudência na política orçamental, devido à particular vulnerabilidade a choques justificada pelo “elevado rácio da dívida pública”.

A vigilância pós-programa aos países que tiveram ajuda externa tem início automaticamente após o fim do programa de assistência (2014, no caso de Portugal) e prossegue até que, pelo menos, 75 por cento dos empréstimos tenham sido pagos aos credores.

Falando sobre este ponto da agenda do Eurogrupo, Mário Centeno sublinhou que Portugal – assim como Irlanda, país sobre o qual também haverá debate – são “países que saíram da crise com melhores condições económicas, sociais e orçamentais”, espelhando, assim, a “estabilidade e crescimento” da Europa.

Hoje, o fórum de ministros das Finanças da zona euro irá ainda pronunciar-se sobre a candidatura única do governador do banco central irlandês, Philip Lane, à sucessão do alemão Peter Praet na Comissão Executiva do Banco Central Europeu (BCE).

Por fim, e como tem vindo a suceder em todas as últimas reuniões do Eurogrupo, os trabalhos terminam com um encontro alargado aos restantes Estados-membros (o chamado “formato inclusivo”), para uma nova discussão sobre o aprofundamento da União Económica e Monetária, desta feita centrada num instrumento orçamental para a convergência e competitividade.

Mário Centeno recebeu, em dezembro passado, um mandato dos chefes de Estado e de Governo da zona euro para trabalhar numa proposta de uma capacidade orçamental própria para a convergência na zona euro, que é suposto ser apresentada em junho de 2019, e que o primeiro-ministro, António Costa, sublinha tratar-se de “uma prioridade claramente afirmada por Portugal”.

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