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Centenas de crianças da Casa Pia cobaias em experiências médicas pagas pelos EUA

dentistaMais de 500 crianças residentes na Casa Pia foram usadas como cobaias em experiências médicas dentárias, com potenciais malefícios para a saúde, de acordo com a Consumers for Dental Choice. Os testes ocorreram entre 1997 e 2007, num trabalho financiado pelo Governo dos Estados Unidos. O caso acabou no Tribunal de Haia, com uma queixa contra os autores do estudo.

As experiências dentárias, que ocorreram durante uma década, tinham como objetivo verificar os efeitos na saúde das crianças de uma mistura que continha mercúrio (chumbo). De acordo com a RTP, esta pesquisa envolveu 507 crianças da Casa Pia, cujas idades variavam entre os 8 e os 10 anos, num trabalho de investigação que decorreu entre os anos de 1997 e 2007.

As crianças foram sujeitas a pesquisas, num trabalho financiado pelo Governo dos Estados Unidos. Das mais de 500 cobaias, 100 foram autorizadas pelo provedor da Casa Pia de então, Luís Rebelo. As restantes mereceram consentimento dos próprios pais.

Luís Rebelo abandonou o cargo de provedor no ano e quem rebentou o caso Casa Pia, de abusos sexuais a menores daquela instituição. Foi substituído por Catalina Pestana, que aceitou manter o estudo em curso.

A investigação dividiu as crianças em dois grupos, sendo que metade foi testada com uma amálgama de mercúrio e todas as outras com compósito. Segundo declarações ao Correio da Manhã do vice-reitor da Universidade de Lisboa (UL), Vasconcelos Tavares, “as crianças foram tratadas de graça”.

Vasconcelos Tavares salienta que o centro da questão é uma disputa comercial entre as empresas que fabricam a amálgama dentária e os compósitos, que envolve, de modo indireto, crianças de uma instituição como a Casa Pia.

Entretanto, em declarações à mesma fonte, a Faculdade de Medicina Dentária da UL realça que este trabalho de pesquisa foi realizado de modo “honesto”. Tratou-se de uma parceria com a Universidade de Washington, que concluiu que não há quaisquer malefícios do chumbo na medicina dentária.

Estas conclusões já mereceram, no entanto, uma contestação por parte da Consumers for Dental Choice, que avança com uma posição contrária. Esta organização não-governamental com sede nos Estados Unidos garante que o vapor do mercúrio acarreta prejuízos para a saúde e recomenda que a substância não seja usada pela medicina dentária.

Nesse sentido, segundo a RTP, a Consumers for Dental Choice avançou com uma queixa contra os responsáveis pela pesquisa, Tribunal Penal de Haia, com provas de que o mercúrio tem efeitos nocivos e que provocou danos nestas crianças que foram usadas como cobaias.

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