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“Célula do Benfica na PJ e na PGR tem de trabalhar o dobro”, afirma Jaime Antunes

Jaime Antunes, antigo dirigente do Benfica e ex-candidato à presidência dos encarnados, acredita que a justiça é permeável aos três grandes, o que obriga “a célula do Benfica na PJ e na PGR a trabalhar o dobro”.

Numa entrevista a propósito da mais recente investigação ao Benfica, por eventuais crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, Jaime Antunes disse acreditar, “infelizmente”, que Benfica, FC Porto e Sporting têm cada qual “uma célula” nos órgãos judiciais.

É através dessa célula na Polícia Judiciária (PJ) e/ou na Procuradoria-Geral da República (PGR) que cada um dos três grandes tenta condicionar os rivais, justificou o ex-dirigente encarnado.

“Observando de fora, como cidadão, parece que há uma célula do FC Porto na PJ ou na PGR, outra célula do Sporting e a outra do Benfica”, afirmou Jaime Antunes.

“A do Benfica tem que trabalhar o dobro”, complementou.

Na entrevista à SIC Notícias, o ex-dirigente insistiu que as buscas realizadas ao Estádio da Luz não implicam que o Benfica, seja a SAD ou a sociedade responsável pelas infraestruturas, seja o principal visado das mesmas.

“Vamos admitir que há empresas que prestam serviços ao Benfica, o Benfica pagou, mas essas empresas não declararam ao fisco o que receberam”, sustentou, lembrando que os arguidos são “três empresas mais os respetivos gerentes” e não as sociedades do clube.

Quanto à hipótese das transferências bancárias feitas por Benfica SAD e Benfica Estádios terem “o único propósito de retirar dinheiro das contas do Benfica”, como indicava uma nota da PGR, Jaime Antunes assumiu que a mesma é “de grande gravidade”.

“Se a situação for essa, alguém no Benfica pagou por serviços não prestados”, reconheceu.

O ex-dirigente insistiu, porém, na presunção de inocência para os lados da Luz.

“Quem é que terá cometido o crime de fraude fiscal? Não está dito em lado nenhum que o Benfica cometeu um crime de fraude fiscal. O que pode haver aqui é uma empresa ter prestado serviços, o Benfica pagou, mas a empresa não o declarou ao fisco”, reforçou.

Jaime Antunes criticou ainda a PGR pela “terminologia dúbia”, pois sem referir que “o Benfica pagou serviços que não existiram” deixa essa ideia “subentendida”.

Como é que o ex-dirigente justifica que o mesmo clube seja alvo de seis investigações (vouchers, emails, e-toupeira, lex, aliciamento a jogadores e, anunciada ontem, fraude fiscal e branqueamento de capitais)?

“O Benfica está a ser alvo de um ataque feroz do FC Porto e do Sporting”, disparou Jaime Antunes.

“Estão a lutar pela sobrevivência, no caso do Sporting tem sucessivas insolvências, no caso do FC Porto ainda está sob a disciplina financeira da UEFA Havia e há uma estratégia clara do FC Porto e do Sporting para evitar que o Benfica possa ganhar uma dianteira de tal forma grande que se torne dominante”, salientou.

A concluir, o ex-dirigente do Benfica desejou que o clube não faça ao Sporting o que este “fez ao Benfica em 1993”.

E recordou: “Quando o Benfica atravessava uma grave crise financeira, o Sporting foi buscar o Paulo Sousa e o Pacheco e aliciou o João Pinto e o Rui Costa”.

“Como benfiquista, espero que a direção não caia na tentação de convidar jogadores do Sporting. Por grandes jogadores que o Sporting tenha, não gostaria que o Benfica se aproveitasse da situação”, sublinhou.

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