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CDU de Merkel continua a descer nas sondagens apesar de ter uma nova liderança

A União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler Angela Merkel, cai para menos de 30 por cento das intenções de voto, mesmo depois da mudança de líder, cargo ocupado por Annegret Kramp-Karrenbauer (AKK) desde dezembro do ano passado.

De acordo com as últimas sondagens realizadas pela Forsa, Infratest e INSA, a CDU/CSU obtém 28 por cento, 29 por cento e 29,5 respectivamente, em caso de novas eleições. Nas últimas legislativas, na Alemanha, realizadas a 24 de setembro de 2017, o partido, agora liderado por AKK conseguiu 32,9 por cento.

A recolher os votos perdidos pelos partidos do centro, que formam atualmente a grande coligação governativa, estão os Verdes que já recolhem 20 por cento das preferências do eleitorado alemão. Os ‘Grüne’ mais do que duplicam os resultados obtidos no último escrutínio, no qual conseguiram 8,9 por cento.

Para o sociólogo e politólogo alemão Oscar Gabriel, a CDU/CSU “estabilizou num nível historicamente baixo de apoio”. Em declarações à agência Lusa, o professor da Universidade de Estugarda acredita que o que acontece na Alemanha está em linha com os restantes países europeus.

“Duvido que essa tendência possa ser revertida. Nas campanhas eleitorais que agora se aproximam, a CDU e a CSU enfrentam o desafio de mobilizar não eleitores e de ir buscar apoio aos Liberais e ao [partidos de extrema-direita] Alternativa para a Alemanha (AfD). Isso só será possível dando mais peso às posições conservadoras em alguns campos políticos, como as migrações”, defende.

“Por outro lado, enfraquecer o perfil do partido liberal da era de Merkel, implicaria uma perda de apoio, provavelmente favorecendo os Verdes. Não menos importante é perceber, depois das eleições de 2021, com que partidos é que a CDU/CSU será capaz de formar um governo de coligação. Uma viragem mais à direita não seria, claramente, a melhor estratégia a adotar”, sublinha Oscar Gabriel.

Num comentário, o jornal alemão Der Tagesspiegel revela que “o percurso cada vez mais conservador de AKK parece afastar mais do que atrair”, destacando a simpatia crescente que o atual vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz (do Partido Social Democrata) parece recolher entre o eleitorado.

“De um ponto de vista formal, ele é o membro mais poderoso do executivo, logo depois da chanceler. Como o planeamento orçamental atual mostra, ele parece estar a usar esse poder formar para tentar dar prioridade às políticas públicas”, considera Oscar Gabriel.

Em entrevista há algumas semanas, Scholz declarou-se aspirante a ser indicado como o candidato social-democrata à Chancelaria.

“Tenho sérias dúvidas se o SPD, particularmente a forte ala esquerda do partido, o apoiará nesta aspiração”, realça o professor da Universidade de Estugarda.

Para que AKK ambicione substituir Merkel na chefia do governo alemão, precisa primeiro de “demonstrar que será também capaz de preencher com competência o papel de líder que Merkel desempenhou e tem desempenhado na política internacional”.

O politólogo e sociólogo alemão, Oscar Gabriel, acredita que Kramp-Karrenbauer está a integrar “com sucesso” os diferentes grupos “que manifestaram posições críticas em relação a Merkel e às suas políticas”.

“As exigências, inicialmente fortes, de dar uma posição de relevo ao seu principal opositor, Friedrich Merz, praticamente desapareceram. Aparentemente ela está a tentar destacar o perfil da CDU e melhorar a cooperação com a CSU”, realça Oscar Gabriel.

Além das eleições europeias, marcadas para 26 de maio, a Alemanha enfrenta várias votações nos Estados federados, entre eles o de Bremen (também a 26 de maio) ou na Turíngia (a 27 de outubro).

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