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Cavaco pergunta “O que dizem agora?” aqueles que previram um “segundo resgate”

cavacosilva4Cavaco Silva usou o Facebook para fazer uma pergunta carregada de ironia. “O que dizem agora?”, questiona o Presidente da República, numa alusão à saída limpa de Portugal, por decisão do Governo. Os destinatários da pergunta são “políticos, comentadores e analistas” que “há menos de seis meses” previram que “Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate”.

Com algum sarcasmo, o Presidente da República reagiu, no seu espaço oficial no Facebook, à decisão do Governo em sair do resgate financeiro sem qualquer tipo de programa cautelar. “O que dizem agora?”, pergunta Cavaco Silva.

“O que mais me vem à memória, no dia de hoje, são as afirmações perentórias de agentes políticos, comentadores e analistas, nacionais e estrangeiros ainda há menos de seis meses, de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate. O que dizem agora?”, escreveu Cavaco Silva no Facebook.

E se a pergunta com algum cariz político pode parecer pouco ponderada em tempos pré-eleitorais, o Presidente da República mostra que tem noção deste período em que as Europeias fazem mover os partidos. Tem noção e escreve-o.

“Neste tempo pré-eleitoral, é apenas isto que respondo a todos aqueles que pedem a minha reação ao anúncio de ontem de que Portugal não recorrerá a qualquer programa cautelar”, acrescenta ainda Cavaco.

Por outro lado, o Presidente da República recomenda uma “leitura integral – e não truncada” – do prefácio que assinou para Roteiros VIII, publicado no site oficial da Presidência da República.

Nesse roteiro, Cavaco faz um apelo ao consenso. “Portugal é um dos países europeus onde o diálogo e os entendimentos entre os partidos políticos têm sido mais difíceis, quando deveria ser precisamente o contrário. Impõe-se, por isso, uma ação de insistência continuada que leve os responsáveis partidários a mudar de atitude. Só através da pedagogia cívica do consenso será possível alcançar esse objetivo”, pode ler-se.

“O que dizem agora?” pode ser entendido como um contributo – ainda que não propositado – para a cisão entre agentes políticos e Governo.

E esta publicação do Presidente da República deve ser colocada em paralelo com outra ideia transmitida por Cavaco Silva, nos Roteiros VIII: “A intervenção presidencial é realizada numa ótica muito distinta daquela em que se situa o debate público de todos os dias e, em particular, das controvérsias que marcam o quotidiano da luta político-partidária”.

E Cavaco escreve ainda o seguinte: “O exercício desta função presidencial obriga, naturalmente, a um uso muito prudente, criterioso e informado da palavra pública, requer distanciamento face às disputas e querelas do dia-a-dia, e exige imparcialidade e isenção no tratamento das diversas forças políticas, estejam no Governo ou na Oposição. Reclama, acima de tudo, uma visão temporal alargada, assente no estudo rigoroso e aprofundado das questões que efetivamente influenciam o presente e o futuro de todos os Portugueses”.

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