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Cavaco diz que caso Relvas será “esclarecido” e evita comentários em Singapura

cavacosilva4Cavaco Silva, Presidente da República, acredita que o caso Miguel Relvas será “esclarecido com a devida transparência”. Em Singapura, Cavaco não quis alongar-se em mais comentários sobre as alegadas pressões de Miguel Relvas a uma jornalista do Público.

Numa visita oficial a Singapura, Cavaco Silva evitou tecer comentários sobre a polémica que envolve um dos mais importantes membros do Governo. O Presidente da República entende que o caso já apresenta cariz político e prefere manter-se à margem do mesmo. Apenas revelou que acredita que tudo será esclarecido.

“O caso acabará por ser esclarecido com transparência”, afirmou o chefe de Estado, lembrando que está a mais de 15 mil quilómetros de distância e que as informações sobre Miguel Relvas chegam a Singapura de “forma imprecisa”.

Cavaco Silva evitou alongar-se em mais comentários, por considerar que esta polémica que envolve o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, sobre as secretas, já adquiriu um cariz político, pelo que o Presidente da República não deve “tecer mais considerações”.

Recorde-se que a direção do Público esclareceu todos os pormenores de alegadas ameaças do ministro Miguel Relvas, no dia em que foi estabelecido o contacto entre a jornalista Maria José Oliveira e o membro do Governo, com o objetivo de questionar Relvas sobre as secretas.

Segundo o texto que o Público assina, a 16 de maio, durante a tarde, a editora de Política, Leonete Botelho, recebe um telefonema de Relvas, no qual o ministro acusa a jornalista que seguia o assunto das secretas de fazer perguntas “pidescas”.

Miguel Relvas revelou à editora que se sentia “perseguido” pelo Público e avisou o jornal de que iria apresentar uma queixa na Justiça e outra na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC). Mas as ameaças de Relvas terão entrado no campo da vida privada: o Público garante que o membro do Governo ameaçou “divulgar na Internet que a autora da notícia vive com um homem de um partido da oposição, nomeando o partido”.

O Público, neste esclarecimento, não avança mais dados sobre a ameaça que recaiu sobre a jornalista Maria José Oliveira, mas publica as notícias sobre Relvas, com algumas declarações contraditórias, na audição no Parlamento.

Bárbara Reis, diretora do Público, reiterou audição na ERC que Miguel Relvas fez pressão sobre o jornal. “Nós viemos aqui dizer que o ministro fez pressão sobre o Público. Na sequência dessa pressão, entendemos que deveríamos protestar e denunciar a situação, contra essa pressão inaceitável. Após o nosso protesto, o ministro pediu desculpa”, revelou a diretora do Público, à saída da audição na ERC.

O facto de a notícia em causa não ter sido publicada pelo jornal é justificada com a ausência de dados novos, argumento que a direção do jornal Público já apresentara, quando denunciou o comportamento do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.

Também Relvas foi ouvido na ERC, para esclarecer o mesmo assunto. E em declarações aos jornalistas, o ministro passou ao ataque, devolvendo a acusação de pressões à jornalista do Público. O ministro considerou que foi pressionado a dar “uma resposta em 32 minutos”, sobre um tema que “não exigia urgência”, por não se tratar da “atualidade” mediática.

Miguel Relvas sustentou ainda que no dia anterior estivera no Parlamento, disponível para responder a qualquer questão, e que a abordagem da jornalista o fez sentir-se “pressionado”.

Esta exigência feita pela jornalista – segundo Relvas – é que suscitou uma reação do ministro. “Eu não pressionei, mas insurgi junto da editora do Público. Não houve qualquer tipo de pressão sobre o Público”, acrescenta Miguel Relvas, que assegura também que não foi feita qualquer ameaça à jornalista.

O ministro já se manifestou disponível para regressar ao Parlamento, para participar em comissão de inquérito e prestar esclarecimentos sobre o processo. Entretanto, o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, defendeu que Relvas é uma vítima do processo. Cavaco Silva não quis comentar qualquer destes assuntos. 

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