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Cavaco avisa que austeridade traz “efeitos recessivos” e alerta para a voz do povo

Em entrevista ao jornal Expansion, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, alerta para os “efeitos recessivos” das medidas de austeridade aplicadas em Portugal e lembra que “os políticos não podem ignorar a voz do povo”. Cavaco teme pela compra tardia de dívida soberana por parte do Banco Central Europeu e pela pouca consistência de Angela Merkel.

Cavaco Silva concedeu uma entrevista ao jornal Expansion, publicação espanhola com grande tiragem. O Presidente da República aborda a política de austeridade aplicada em Portugal e é convidado a comentar os efeitos económicos das medidas de corte de rendimentos.

E a resposta não abona em favor do Governo de Passos Coelho. Segundo Cavaco Silva, as medidas de corte de rendimentos dos trabalhadores “obviamente têm um efeito recessivo” para a economia portuguesa, uma vez que provocarão retração do consumo. “Essas medidas afetam o rendimento dos cidadãos e, como tal, o consumo”, acrescenta Cavaco.

Neste sentido, de acordo com o Presidente da República nesta entrevista ao Expansion, publicada nesta segunda-feira, as expectativas dos empresários portugueses “não são muito positivas”, perante um cenário de recessão e de aumento de impostos.

Instado a comentar as manifestações que ocorrem nas ruas de Portugal e Espanha, Cavaco Silva salienta que “a voz do povo não pode ser ignorada pelos políticos”, apesar do sentido cívico das manifestações nas ruas. “Em Portugal, tem havido fortes manifestações, mas sem violência. O povo português está a demonstrar um grande sentido cívico”, realça.

Mas o Presidente da República recusa-se a tecer considerações concretas sobre o aumento de impostos que o Governo de Passos Coelho decidiu aplicar, que constará do Orçamento de Estado para 2013. Para Cavaco, deve ser o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a explicar ao país o objetivo das medidas e a necessidade das mesmas.

No entanto, Cavaco lembra que as metas do défice não serão atingidas. “A troika confirmou que Portugal teria dificuldade em cumprir os objetivos de redução de défice orçamental, como resultado da alteração da conjuntura internacional”, salienta Cavaco Silva.

Outras preocupações do Presidente da República prendem-se com a “reação tardia” da União Europeia e do Banco Central Europeu (BCE). A compra de dívida soberana, por parte do BCE, seria uma ajuda importante aos países em dificuldades, o que normalmente não sucede com a rapidez que se exige, de acordo com o chefe de Estado.

Também a chanceler alemã, Angela Merkel, merece reparos de Cavaco, que solicita “maior consistência na defesa da moeda única”.

Mas, no meio da tempestade, Cavaco Silva vê sinais de esperança, em algumas vitórias de Portugal, sobretudo na consolidação orçamental e no saldo da balança comercial. Destaca o “sentido de responsabilidade do povo português”, que enfrenta um processo “tão duro”.

“Num processo tão duro, devo reconhecer o grande sentido de responsabilidade do povo português”, afirma Cavaco, que lembra que esta responsabilidade surge num momento particularmente difícil, com o desemprego elevado, sobretudo entre os jovens.

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