Nas Notícias

Casa Pia: Carlos Cruz recorre ao TEDH por ter sido “preso sem saber porquê”

justicaO antigo apresentador de televisão, Carlos Cruz, que foi condenado no processo Casa Pia, apresentou uma queixa no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), por considerar que o Estado português violou direitos fundamentais. Carlos Cruz alega que foi “preso sem saber porquê” e não foi salvaguardado o “direito à presunção de inocência”.

De acordo com a agência Lusa, Carlos Cruz apresentou no TEDH uma queixa contra o Estado português, por considerar que não foram respeitados alguns direitos fundamentais, entre os quais a presunção de inocência e a detenção sem que Cruz tivesse conhecimento da acusação.

A Lusa, que cita a queixa apresentada pelo ex-apresentador, divulga algumas alegações. Carlos Cruz sustenta que foi “preso sem saber porquê” e que não foi respeitado o “direito à presunção de inocência”, no processo Casa Pia, que levou à condenação.

Carlos Cruz argumenta ainda que, aquando da sua detenção, nem sequer teve acesso à identidade dos queixosos, pelo que defende ter sido vítima de diversos atropelos aos Direitos Humanos.

Nesta queixa – que seguiu para o TEDH em agosto, de acordo com a Lusa – Cruz sublinha, por outro lado, que os prazos definidos para o julgamento foram pouco razoáveis, sendo que, durante o período em que esteve preso, não teve acesso a “elementos concretos do processo”, o que prejudicou a sua defesa.

“Carlos Cruz foi preso preventivamente sem saber quando, onde, com quem, de que modo e sobre quem cometera os crimes por quem estava indiciado. E assim permaneceu até que lhe foi notificada a acusação a 29 de dezembro de 2003”, realça esta queixa.

A defesa do ex-apresentador de televisão alega ainda que foi “impedida de interrogar testemunhas de acusação”, nem teve conhecimento das declarações das alegadas vítimas. Estes argumentos provocaram dificuldades à defesa de Carlos Cruz, que não pôde “compreender como foi sendo montada a história”.

“Quando a prova da acusação quase exclusivamente se reduz às declarações das vítimas, constituídas assistentes”, refere a queixa entregue naquele tribunal europeu, existe “uma flagrante violação do princípio de um processo equitativo, designadamente no que se refere aos valores do contraditório, da igualdade de armas e das garantias básicas de defesa”.

A defesa de Carlos Cruz considera também que não teve direito à “presunção de inocência” e que o caso “nasceu e cresceu na comunicação social”.

O julgamento do processo Casa Pia – o mais longo da história da Justiça portuguesa –prolongou-se por seis anos, desde o dia 25 de novembro de 2004 até ao dia 3 de setembro de 2010”. Na queixa entregue no TEDH, este tempo prolongado é “injustificado” e revelador de “total incapacidade do Tribunal para centrar o julgamento naquilo que verdadeiramente relevava”. Nesse sentido, Carlos Cruz considera-se vítima de atropelos aos Direitos Humanos.

Recorde-se que o ex-apresentador foi condenado a sete anos de prisão. O Tribunal da Relação de Lisboa retirou um ano à pena e decidiu-se pela repetição do julgamento dos alegados crimes praticados em Elvas.

Em destaque

Subir