O anunciado fecho das barbearias da Carris leva alguns sindicatos a exigir o pagamento de um subsídio mensal, no valor de 12 euros, para que os trabalhadores possam cortar o cabelo. A administração reconhece o direito, mas diz estranhar o pedido.
Uma reivindicação de alguns sindicatos admirou a administração da Carris até à ponta dos cabelos: querem um subsídio mensal, no valor de 12 euros, para que os trabalhadores possam cortar o cabelo. Em causa está o anunciado fecho das barbearias que integram a rede da empresa.
Segundo o Correio da Manhã, a transportadora tem uma sala com uma cadeira de barbeiro em quatro estações: Santo Amaro, Pontinha, Musgueira e Miraflores. Alegando o pouco uso, a administração pretende encerrar estes espaços, embora não saiba quanto é que o serviço custa à empresa.
“Esta matéria, e outras, serão discutidas em sede de negociação colectiva com as Organizações Representativas dos Trabalhadores”, admitiu uma fonte da empresa, que o Diário Económico garante, sem identificar, estar ligada à administração da Carris.
O usufruto do serviço de barberia terá sido um dos motivos alegados nas denúncias de atropelos ao contrato coletivo de trabalho, motivando um requerimento parlamentar, a 24 de maio. “Há anos que a cláusula 69.ª”, respeitante aos serviços de barbearia, “deixou de ser respeitada, tendo a empresa procedido ao encerramento das barbearias”, referia o requerimento apresentado pelo PCP.
A resposta chegou através de Filipa Sousa Santos, chefe de gabinete do ministro Álvaro Santos Pereira, após contactos com a Autoridade para as Condições de Trabalho : “a empresa dispõe nas suas instalações de barbearias apetrechadas para uso exclusivo e privativo dos seus trabalhadores, incluindo reformados. Contudo, a própria Comissão de Trabalhadores já apresentou uma proposta à administração da empresa no sentido de converter as instalações da barbearia numa sala de refeições”.
“Também os representantes sindicais já apresentaram uma proposta, no sentido de se proceder ao encerramento das barbearias, em troca de um pagamento no valor de 12 euros a cada trabalhador, visto este serviço não ser utilizado internamente”, acrescentou Filipa Sousa Santos.
A mesma fonte oficial da administração, que o Económico cita sem identificar, acrescenta que, “até Dezembro de 2007, a empresa teve barbeiros no seu quadro de pessoal e após esta data as instalações mantiveram-se operacionais, sendo que não se pondera que as mesmas passem a ser ‘salas de refeição’”.
A exigência de um subsídio ocorre quando o Tribunal de Contas confirmou a subida dos salários base dos administradores, em 2009/2011, após a entrada da lei que eliminou as despesas de representação e remunerações por acumulação de funções.