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Carne e peixe têm primazia no prato, mas a maioria já come uma refeição vegetal por semana

A carne e o peixe ainda ocupam uma posição central nas refeições dos portugueses, mas a maioria (65 por cento) já come uma refeição de base vegetal pelo menos uma vez por semana, indica um inquérito hoje divulgado.

O II Grande Inquérito da Sustentabilidade em Portugal, da Missão Continente (Grupo Sonae) e do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, indica que, numa semana típica, os portugueses costumam fazer uma alimentação com refeições com carne branca (média de 4,73 vezes por semana), carnes vermelhas (3,65), peixe (3,5) e uma refeição de base vegetal, sem carne nem peixe (1,95).

O estudo, hoje divulgado, mostra que os homens tendem a comer quase mais uma refeição semanal com carnes vermelhas do que as mulheres.

Em relação ao consumo de frutas e vegetais, muitos dos inquiridos afirmam não comer fruta (18,8 por cento) ou vegetais (23,6 por cento) pelo menos uma vez por dia. Já os consumidores muito frequentes de fruta/vegetais (três vezes ou mais por dia) rondam os 27,8 por cento e 12,1 por cento, respetivamente.

No que respeita às principais motivações em relação aos hábitos de consumo, a maior parte diz que escolhe alimentos porque são ‘saudáveis’, ‘convenientes’ e/ou porque ‘dão prazer’ a comer.

O inquérito mostra um dado novo que indica que os homens “são mais propensos a escolher alimentos que veiculem uma imagem social favorável de si mesmos”.

“O facto de os homens estarem preocupados com a sua imagem social no que respeita à alimentação é algo novo nestes resultados e pode sugerir que há um grupo emergente de homens na sociedade portuguesa que parece estar atento às leituras que os outros fazem das suas orientações alimentares”, escrevem os investigadores.

Quanto aos principais critérios usados na escolha do produto, os inquiridos sublinham sobretudo a relação de preço-qualidade percebida (frescura, aspeto, sabor, preço justo), seguida por critérios de origem do produto (origem local/nacional), critérios de produção e nutrição (valor nutricional, produção biológica), e critérios informativos (ingredientes e valor nutricional).

Na compra, os inquiridos disseram optar mais pelos supermercados de proximidade (66,2 por cento) para as compras frequentes de alimentação. Os centros comerciais/hipermercados são a segunda opção (64,2 por cento).

“Além dos supermercados de proximidade e dos centros comerciais/hipermercados, é cada vez mais frequente os portugueses recorrerem ao comércio tradicional de proximidade (49,8 por cento) como as lojas especializadas (talhos, peixarias, frutarias), mercearias (39,4 por cento) e as feiras e mercados (39,6 por cento)”, refere o estudo, que indica que as idas às cooperativas de produtores/consumidores são menos frequentes (17,2 por cento e 16,4).

Apenas 14 por cento recorrem às compras ‘online’ para adquirir produtos alimentares.

Segundo os resultados deste inquérito, face ao realizado em 2016, “os supermercados de proximidade ultrapassaram os hipermercados/centros comerciais como os espaços mais frequentados para as compras alimentares”.

“Este é um fator indiciador da aposta forte das grandes cadeias de retalho alimentar no comércio de proximidade e que expressa bem neste inquérito uma tendência de mudança nas práticas dos portugueses. Tal também pode indiciar alguma mudança nas práticas de mobilidade, sobretudo nos grandes centros metropolitanos, que futuros inquéritos poderão indagar com maior profundidade”, referem os investigadores.

Quando questionados sobre as modalidades de compra dos produtos alimentares os portugueses revelam dar uma clara preferência aos produtos frescos, nomeadamente na fruta (89,3 por cento), vegetais (88,5 por cento), carne (86,9 por cento) e peixe (81,3 por cento). A exceção é para as leguminosas enlatadas, mais frequentemente compradas desta forma (56,2 por cento) do que como produto fresco (48 por cento).

No que se refere aos produtos congelados, o peixe é comprado com o dobro da frequência (42,4 por cento) por comparação aos produtos vegetais (21,3 por cento) e a carne (18 por cento).

Tal como no inquérito de 2016, o perfil do “consumidor constrangido” (que tem de gerir constrangimentos económicos pessoais ou familiares) ganhou peso, a par do “consumidor suficiência” (evita desperdício e o excesso de consumo).

“A importância atribuída aos dois perfis revela que os portugueses continuam a dar peso à gestão cuidada do seu orçamento familiar, contendo despesas (particularmente na dimensão de gerir o orçamento para que não falte dinheiro)”, concluem os investigadores.

Registam-se ligeiras subidas nalguns perfis de consumidor relativamente ao inquérito de 2016, designadamente no “prosumidor” (produz os seus bens/autossuficiência) e do “consumidor ético” (evitar ou minimizar os impactos negativos sobre os outros e o ambiente), por um lado, e do “consumidor explorador” (busca de bens e experiências novas, exóticas e diferentes), por outro.

O estudo analisou 1.600 inquéritos a residentes em Portugal, maiores de 18 anos, estratificado por região, género e idade e tem 95 por cento de intervalo de confiança. Decorreu entre 07 de novembro e 13 de dezembro de 2018.

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