Banco de Portugal não pode seguir a orientação do Governo e dará tolerância de ponto no Carnaval, uma vez que está previsto no contrato de trabalho que os funcionários não trabalhem nos feriados e “na terça-feira de Carnaval”. A medida também se aplica em todos os acordos coletivos de trabalho do setor bancário, segundo adianta o Económico.

Segundo os contratos de trabalho celebrados com o Banco de Portugal (BdP) e outras instituições do setor bancário, os funcionários têm direito a tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval, pelo que a instituição chefiada por Carlos Costa não poderá cumprir a determinação do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Assim, além do BdP, todas as instituições bancárias que operem em solo luso estão obrigadas a ceder o ‘feriado’ aos trabalhadores. Uma exceção confirma esta regra: os funcionários do BdP que estejam a acompanhar as diligências dos representantes da troika terão de se apresentar ao trabalho, no dia de Carnaval.

A questão da tolerância de ponto, suscitada pelo primeiro-ministro, que decidiu eliminar esse dia do mapa de ‘folgas’, tem provocado enorme celeuma, com críticas dos partidos da oposição, sindicatos, municípios e outras entidades. O argumento é comum a todos os críticos: uma tradição deve ser respeitada e o Carnaval tem grande impacto nas economias locais.

Apesar de Passos Coelho ter retirado a tolerância aos funcionários públicos, diversas entidades também elas públicas (Câmaras Municipais) decidiram furar a orientação. São os casos dos municípios de Lisboa e Porto.

Outras autarquias de socialistas também darão tolerância no Carnaval, sendo que Gaia, liderada pelo social-democrata Luís Filipe Menezes, preferiu ser “leal” ao primeiro-ministro. Na Madeira, a tradição é mais forte do que o PSD e Alberto João Jardim vai mandar fechar os gabinetes nesse dia, apesar de, também na região, estar a ser aplicado um plano de assistência financeira.