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Cardeal envia avisos ao Ministro da Solidariedade e apela à denúncia

Famões foi palco de um encontro entre o cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, e do ministro da Solidariedade, Pedro Mota Soares, presentes na inauguração de um Centro Comunitário Paroquial.

Foi quase um frente a frente entre José Policarpo e Pedro Mota Soares, numa troca de palavras em contextos diferentes, mas com ideias que se cruzam. De um lado, a Igreja. Do outro o Governo. O cardeal, durante homilia que precedeu a inauguração, lançou frases sensatas, mas com palavras fortes.

José Policarpo apontou a atitude da Igreja: “Um papel vigilante, prezando valores”, com o objetivo de “denunciar, se tal for necessário”. Sem que a Igreja se “imiscua na política”, não deve “hesitar em avisar e indicar caminhos”.

Perante o ministro da Solidariedade, o cardeal falou de… solidariedade, “uma palavra que, na nossa cultura, tem sido substituída, como se tivesse deixado de ser atual”, como que os “mais pobres a dispensassem”.

Com uma divisão de fronteiras bem definidas, José Policarpo defendeu uma “cooperação” entre a Igreja e o Estado. E assim fica dado o mote para as declarações de Pedro Mota Soares, numa troca de palavras que se justifica.

De um lado, uma atitude vigilância, mas prudente. Do outro, números da redução de custos que urge aplicar. Pedro Mota Soares, presente naquela missa, falou de poupança e apontou 20 milhões como a meta do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social. O orçamento de Estado do ano de 2012 tem essa fasquia definida.

No entanto, a poupança recairá em cortes nas chefias. Verbas dispensáveis, ao longo de anos, que foram desviadas do destino. A palavra “desvio” permanece, enigmática, no relato do discurso do cardeal.

O Centro Comunitário Paroquial de Famões – construído no âmbito do Pares (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais – vai acolher 60 idosos e 90 crianças.

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