Um cão não hesitou em atacar uma loba esfomeada, apesar dos 16 anos de vida, para defender um cachorro e a dona. “Ele nunca me pareceu tão enorme”, conta Hannah, mas a loba apanhou-o pelo pescoço. “Não lhe guardo rancor”, assegura a antiga dona de Mason.

Steve Mason morreu, com 16 anos, como um herói: deu a vida para salvar um cachorro e a dona, Hannah.

A história foi contada por Hannah e reproduzida pelo Dog Heirs como um testemunho da coragem do cão.

Arraçado de husky, labrador, e rottweiler, Steve Mason foi acolhido por Hannah em 1998, ainda bebé. Foi escolhido por ser “o único que parava para cheirar as flores”, enquanto os irmãos brincavam e saltavam.

Mason viveu 16 anos no Alasca até que, a 5 de março, teve um encontro fatal. Durante um passeio pela propriedade, na companhia do cão e de três cachorros, Hannah reparou numa companhia que não via há 15 anos: uma loba.

“Estávamos a cerca de uma milha de casa quando reparei num vulto que nos seguia. Reconheci de imediato que era um lobo, apesar de serem tímidos e evitarem o contacto com humanos, em especial na companhia de quatro cães. Como respeito, virámos para casa, dando ao lobo a oportunidade para fugir”, contou Hannah.

Um dos cães mais pequenos ladrou, poucos minutos depois, e a dona apercebeu-se que a loba estava quase a um metro de distância. “Ela era enorme, o ombro dela chegava-me à anca. Parecia assustada mas determinada e, sobretudo, esfomeada”, acrescentou Hannah: “sabia que estávamos em perigo. Ela atacou estivemos 20 minutos a tentar afastá-la”.

“Eu batia-lhe com os meus bastões de neve e os cães mordiam-na, mas evitando os dentes dela. Apesar de estar fraca por causa da fome, ela lutava de forma aguerrida. Mason e eu acabámos por ficar a lutar lado a lado e, apesar da loba me olhar nos olhos, eu sabia que estava atrás dos cachorros”, acrescentou.

Os momentos que se seguiram foram dramáticos: “ela finalmente abocanhou o cão mais pequeno e o Mason atirou-se a ela. Subitamente, o meu frágil e velho amigo parecia enorme, muito maior do que alguma vez o tinha visto. Ela soltou o cachorro, mas apanhou o Mason pelo pescoço. Acabou em menos de segundo”.

“Eu nunca gritei tão alto, cada fibra do meu corpo dizia-me para matar a loba, esfaqueá-la com os bastões, cortar-lhe a garganta… Se eu pudesse, mas eu sabia que ela me mataria antes disso. E ainda tinha três três cães para salvar. Era já tarde para o Mason, estava morto e ela começou a comê-lo”, contou Hannah.

“Esta é a loba. A foto foi tirada na manhã seguinte, por alguns guardas fronteiriços. Apesar de eu a querer matar, no calor do momento, era realmente um dos seres mais belos que já vi. Não lhe guardo rancor, devia estar a morrer de fome e fez o que tinha a fazer para sobreviver. Ela devia saber que teve sorte em apanhar o Mason primeiro”, acrescentou a antiga dona.

“Os grandes predadores raramente são vistos assim de tão perto e, quando tal acontece, eles fogem sempre para o outro lado”, acrescentou: “o que aconteceu foi tão raro, há pessoas que vivem aqui há 70 anos e nunca viram um lobo”.

“Adeus, amigo”, escreveu Hannah: “sinto a tua falta como se tivesse um buraco no peito. Sei que não podia fazer nada, mas não deixo de pensar que falhei, que devia ter-te salvo. Mas a maioria dos cães de 16 anos morrem ao lado da lareira, devagar e com dores. Mason foi embora deste mundo como um relâmpago, salvando a minha vida e a dos seus três cachorros. Morreu como viveu: como o meu herói”.