Cancro da próstata: Fármaco ‘nascido’ em Coimbra permite deteção mais precoce

Um fármaco desenvolvido pela Universidade de Coimbra permite uma deteção mais precoce do cancro da próstata. Os cientistas do ICNAS realizaram com sucesso um teste que permitiu “avaliar parâmetros impossíveis de identificar por outros métodos de diagnóstico”.

Uma equipa de cientistas do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), da Universidade de Coimbra (UC), desenvolveu um fármaco que possibilita “uma deteção mais precoce do cancro da próstata”.

A nova molécula, batizada com o nome PSMA-Ga68, já foi introduzida na prática clínica em Portugal, quando os cientistas de Coimbra realizaram o primeiro exame de tomografia por emissão de positrões (PET/CT) com a PSMA-Ga68.

Em comunicado, Miguel Castelo Branco, diretor do ICNAS, salientou que a introdução deste radiofármaco no campo assistencial, que resulta do trabalho que vem sendo desenvolvido no ICNAS por uma equipa multidisciplinar desde há cerca de quatro anos, “constitui um avanço significativo na avaliação desta doença, ao possibilitar uma deteção mais precoce do cancro da próstata, sobretudo em situações de recidiva”.

Outra grande vantagem, segundo a nota emitida pela UC, é que a utilização da nova molécula, para além de permitir “uma avaliação do cancro da próstata muito mais eficaz” do que os métodos convencionais, “não terá um custo superior ao do atual radiofármaco disponível no mercado, a Fluorcolina-18F -“.

João Pedroso de Lima, coordenador da área clínica do ICNAS, avançou mesmo que “este novo exame reúne todas as condições para substituir o uso da Fluorcolina-18F em Portugal”.

A PSMA-Ga68, “já utilizada em alguns países europeus”, como destacou João Pedroso de Lima, “é muito mais sensível, permitindo avaliar parâmetros impossíveis de identificar por outros métodos de diagnóstico e fornece informações essenciais para detetar precocemente, e localizar, o reaparecimento do tumor e a sua metastização”.

O ICNAS, um organismo autónomo da Universidade de Coimbra, dedica-se à investigação biomédica e à aplicação clínica de moléculas marcadas com substâncias radioativas.

Segundo a UC, este instituto “lidera, no país, a produção e utilização de múltiplas moléculas (radiofármacos) para a realização de estudos de Tomografia por Emissão de Positrões em diversas situações clínicas, principalmente em oncologia, neurologia e cardiologia”.