De acordo com a Lancet Oncology, revista sobre cancro, há um aumento alarmante de casos de cancro na América Latina. Segundo um relatório, até 2030, esta ‘epidemia’ deverá matar cerca de um milhão de doentes, a uma média que ronda os 60 mil mortos por ano.
O cancro alastra-se na América Latina, de acordo com um estudo publicado na revista Lancet Oncology, nesta sexta-feira. A pesquisa – apresentada hoje em São Paulo, no Brasil, na conferência Latin American Cooperative Oncology Group – estima que até ao ano de 2030 cerca de um milhão de pessoas morram, vítimas de cancro.
Este número representa uma média de 60 mil mortes por ano, nos países da América Latina, de acordo com o relatório deste estudo, que antevê um aumento da prevalência da doença.
As autoridades de saúde são convidadas a tomar medidas para um problema de saúde que além de provocar mortes sairá caro aos cofres dos países daquela região do mundo. Estima o mesmo relatório que 17 milhões de casos sejam diagnosticados na América Latina e nas Caraíbas, até 2030.
Assinale-se que a taxa de prevalência de cancro na América Latina é muito inferior ao que se regista, por exemplo, na Europa. Atualmente, há ‘apenas’ 163 casos diagnosticados por cada 100 mil habitantes. No entanto, apesar de ter menos casos por habitantes, contam-se mais mortes naqueles países (cerca do dobro do que se verifica nos Estados Unidos).
Ou seja, nos EUA, em cada 37 casos de cancro diagnosticados, 13 doentes perdem a vida, em média. Já na América Latina a percentagem de cura é muito menor e bastam 22 casos para que se atinjam as mesmas 13 mortes.
As razões para esta elevada taxa de mortalidade por cancro prendem-se com o facto de a doença não ser diagnosticada de forma precoce, o que torna as possibilidades de sobrevivência e de cura muito inferiores.
Por outro lado, existem naquela zona do globo muitas comunidades pobres que não têm acesso a cuidados de saúde, sobretudo a tratamentos oncológicos. Os investimentos na área da saúde nos países latino-americanos também não são suficientemente elevados.
“Os países da América Latina focaram os seus investimentos em saúde na prevenção e no tratamento de doenças infecciosas, enquanto a aplicação de recursos em doenças não infecto-contagiosas, como o cancro, não aconteceu”, explica o coordenador deste estudo, Paul Goss, em declarações citadas pela agência Lusa.
Os investigadores sugerem assim que as autoridades de saúde locais procedam a ações concretas que combatam as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde. Por outro lado, aconselham um investimento nas infraestruturas e na formação dos médicos.
E como a prevenção é a melhor forma de luta contra o cancro ou qualquer doença, os investigadores esperam que este estudo sirva também de alerta para as falhas detetadas nesse campo.