A Câmara de Lisboa admitiu hoje que a acumulação de lixo nas ruas da cidade é uma “situação excecional”, derivada de um “grande crescimento” do turismo, mas será ultrapassada com a contratação de mais trabalhadores.
“Não estamos satisfeitos com a situação e, por isso, preparámos um novo pacote que vai responder a essa situação excecional”, disse hoje o vereador João Paulo Saraiva, responsável pelos pelouros dos Recursos Humanos e Finanças.
Esse novo pacote, anunciado em reunião da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), vai incluir a abertura de uma “nova contratação para cantoneiros”, “novos equipamentos e mais meios mecânicos para fazer face ao que é a pressão da higiene urbana”.
A ideia da autarquia, liderada pelo socialista Fernando Medina, para uma cidade mais limpa passa, também, por “fazer novas campanhas de sensibilização”.
O assunto foi levado à reunião de hoje por diversas forças políticas, na sequência das reportagens que têm sido publicadas nas últimas semanas e que dão conta da acumulação de lixo e falta de limpeza das ruas da capital.
Aos deputados, João Paulo Saraiva apontou que a causa para isto é evidente.
“Vivemos hoje uma situação excecional, porque a cidade está num momento de grande crescimento” do turismo”, afirmou o vereador.
Não tendo abordado números, nem datas, o vereador disse aos jornalistas que estas medidas deverão ser contempladas no orçamento municipal para o próximo ano.
Perante as críticas, o autarca aproveitou para “recordar que o município de Lisboa, que durante anos teve dificuldade que todos conhecem”, fez “investimentos até naquilo que são os seus serviços básicos, naquilo que são os meios básicos para a higiene urbana”.
“Gostava de dizer que o município de Lisboa fez um investimento com paralelo difícil de encontrar nos últimos anos, em meios mecânicos e em equipamentos de proteção para os trabalhadores”, apontou João Paulo Saraiva.
O vereador sublinhou ainda a contratação, nos últimos dois anos, de “350 novos cantoneiros, além dos que foram admitidos pelas juntas de freguesia”.
O tema foi levantado pelo CDS-PP no período de declarações políticas, com a deputada Margarida Penedo a referir que as “queixas sobre o lixo são bastantes” e que “o que se vê é falta de limpeza”.
Para a centrista, “a resposta do turismo também não convence”, uma vez que “há zonas que não têm o problema do turismo e sentem isso com igualdade”.
Para Inês Sousa Real, do PAN, “é inegável que Lisboa está hoje mais suja”.
Por seu turno, o PS vincou que este é um “fenómeno nacional” e que não afeta apenas a capital.
Apontando não querer uma “guerra política”, o PCP quis “trazer o assunto à ribalta” para encontrar soluções para o problema dos resíduos.
Neste sentido, os comunistas apresentaram uma recomendação intitulada “Por um serviço de higiene e limpeza urbana de qualidade na cidade de Lisboa”, na qual pedem a contratação de mais efetivos.
O documento acabou por ser rejeitado com votos contra do PS, PSD e seis deputados independentes, a abstenção do CDS-PP, PPM e PAN, e votos favoráveis dos restantes.
Naquela que foi a reunião que marcou a ‘rentrée’ da AML, os deputados municipais aprovaram também um voto de pesar e fizeram um minuto de silêncio pela fadista Celeste Rodrigues, que faleceu no início de agosto, aos 95 anos.
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