Caloiro é “irracional”, “assexuado” e “servil”, diz manual de praxe distribuído na FCUP
O ‘Manual de Sobrevivência do Caloiro’, entregue na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), trata o caloiro como “ser irracional”, “espécie que não goza de qualquer direito” e “incondicionalmente servil”. Luís Monteiro, deputado do Bloco de Esquerda, vai confrontar o ministério da tutela com a polémica das praxes.
Está a ser distribuído na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto um documento chamado ‘Manual de Sobrevivência do Caloiro’, que suscitou uma intervenção do Bloco de Esquerda e que vem levantar questões éticas, relacionadas com as praxes.
Algumas ideias do documento provocaram repúdio de Luís Monteiro, deputado que, em declarações ao Público, se diz “chocado”.
“Parece-me que resulta claro de um caso como estes que faltam mecanismos de apoio aos novos alunos e faltam mecanismos para controlar os abusos na praxe”, acusa.
Naquele manual, o caloiro é tratado como “ser irracional”, “sem qualquer direito”, “servil”, “obediente” e “resignado”.
“O caloiro não é um ser racional; a espécie em questão não goza de qualquer direito, salvo o da existência (até por vezes questionável)”, pode ler-se.
Também é “incondicionalmente servil, obediente e resignado”, bem como “assexuado”.
“Deve ser sempre moderado no uso da palavra (zurra, grunhe, bale e relincha só quando lhe é dada permissão)”
“Não é permitido pensar, opinar, gesticular, buzinar, abanar as orelhas ou pôr-se em equilíbrio nas patas anteriores”, realça o mesmo manual.
Em declarações ao Público, o diretor da FCUP, António Fernandes Silva, revela que o manual não está a ser distribuído dentro das instalações da faculdade.
“Aqui dentro, não está a acontecer, de certeza absoluta”
Nas instalações da FCUP a praxe é proibida. Porém, os alunos mais velhos continuam a praticá-la, graças à falta de controlo para travar abusos.