O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou na quinta-feira que as calamidades naturais e o corte de ajuda internacional impediram o seu Governo de materializar todas as metas que definiu no plano quinquenal que termina em janeiro de 2020.
“Houve ciclones, cheias e seca em algumas províncias e os amigos [da comunidade internacional], que nos ajudavam, disseram: ´agora não vamos ajudar`”, declarou Filipe Nyusi, falando num comício no distrito de Lalaua, província de Nampula, norte de Moçambique, a mais de 1.500 quilómetros de Maputo.
As cheias no centro e norte e a seca, no sul, bem como os ciclones nas três regiões têm sido recorrentes nos últimos anos em Moçambique e ao impacto desses fenómenos juntou-se uma subida exponencial da dívida pública derivada da descoberta de empréstimos secretos avalizados pelo anterior Governo moçambicano, entre 2013 e 2014.
Na sequência da revelação das dívidas já declaradas recentemente inconstitucionais pelo Conselho Constitucional moçambicano, os principais doadores internacionais do Orçamento do Estado cortaram a ajuda ao país.
No encontro popular no distrito de Lalaua, Filipe Nyusi apontou igualmente a queda de preços de matérias-primas no mercado internacional e que reduziu a arrecadação de divisas para o país, como outros dos fatores que inviabilizaram a plena concretização do Plano Quinquenal do Governo.
“Baixou o preço do nosso algodão e da nossa castanha, fora [do país]”, declarou, exemplificando com produtos que estão entre as principais ‘bandeiras’ da província de Nampula.
Filipe Nyusi assinalou que o Governo que dirige desde janeiro de 2015 viu-se impedido de construir todas as infraestruturas que havia projetado para os cinco anos de mandato, que termina em janeiro de 2020.
Apesar das dificuldades, prosseguiu, o executivo conseguiu construir muitas infraestruturas sociais e económicas, nomeadamente hospitais, escolas e estradas.
“Durante os cinco anos, fizemos muita coisa em Nampula, dedicamos toda a nossa atenção à província de Nampula”, destacou, referindo-se a uma província que é a mais populosa do país e com o maior número de eleitorado.
Com as eleições gerais de 15 de outubro deste ano à vista, os últimos atos públicos de Filipe Nyusi são vistos como pré-campanha, uma vez que tem sido acompanhado por caravanas de membros do seu partido, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e os seus discursos são de balanço dos cinco anos de governação e de promessas para o ciclo que começa em 2020.