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Cadeia de supermercados sul-africana aplica 222 milhões de euros em dívida pública angolana

A cadeia de supermercados sul-africana Shoprite tem atualmente investidos 222 milhões de euros em dívida pública de Angola, para fazer face à desvalorização da moeda angolana, o kwanza, indica o relatório do maior grupo grossista em África.

De acordo com o relatório, referente ao período de 12 meses até 01 de julho (ano fiscal de 2018), a que Lusa teve hoje acesso, o investimento do grupo Shoprite quase que triplicou face ao período homólogo, totalizando 3.690 milhões de rands (222 milhões de euros), operação que este ano foi alargada à compra de Bilhetes do Tesouro (de maturidades mais curtas) emitidos por Angola.

No ano fiscal terminado em junho de 2017, a cadeia de supermercados, que tem em Angola o maior mercado fora da África do Sul, investiu 1.311 milhões de rands (78,8 milhões de euros) em dívida pública angolana, apenas em Títulos do Tesouro indexados ao dólar norte-americano, com maturidade de dois a três anos e uma rendibilidade de 7 por cento ao ano.

O investimento em dívida pública de Angola teve um aumento expressivo nos últimos 12 meses, nos Títulos do Tesouro indexados ao dólar – no mesmo período em que o kwanza angolano sofreu uma desvalorização de cerca de 40 por cento -, fixando-se nos 3.008 milhões de rands (180,9 milhões de euros), acrescidos de 682 milhões de rands (41,03 milhões de euros) aplicados em Bilhetes do Tesouro.

Segundo refere o relatório, os Bilhetes do Tesouro – denominados Angola Kwanza – têm um juro de 22,8 por cento ao ano e uma maturidade de 12 meses.

A compra de dívida pública angolana, sobretudo indexada ao dólar, tem sido uma forma de proteção utilizada pelas empresas internacionais que operam em Angola contra a desvalorização do kwanza, face à dificuldade em repatriar lucros e outros divendos para o exterior, em função da falta de divisas no país.

O grupo Shoprite apresentou no exercício de 12 meses, até 01 de julho deste ano, uma queda de 3,8 por cento nos lucros relativamente ao período homólogo, o primeiro resultado negativo desde 1999, influencido pela situação económica e cambial em Angola, o seu principal mercado fora da África do Sul.

O maior grupo grossista de África está presente em 15 países, entre os quais Angola e Moçambique.

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