Mundo

Caça furtiva em Angola carece de medidas “mais enérgicas”

O ambientalista angolano Vladimiro Russo defendeu hoje a implementação de “medidas mais enérgicas” para travar o “aumento significativo da caça furtiva” no país, que já colocou 30 espécies ameaçadas de extinção, considerando que as atuais “são manifestamente insuficientes”.

Em declarações hoje à agência Lusa, o ambientalista apontou dificuldades na gestão de todos os recursos do país, afirmando ser uma situação “bastante preocupante”, carecendo sobretudo de meios para fiscalização.

“É preciso que sejam tomadas medidas mais enérgicas, há alguns aspetos que estão a ser preparados, como a formação de mais fiscais, de pessoal a nível dos tribunais, a própria tipificação do crime ambiental no Código Penal”, disse.

Sustentou que “alguns passos estão a ser dados”, mas afirma que “é importante que haja mais vigor e celeridade para travar esses casos”.

“Há muita gente a sair impune por não haver rigor e uma efetividade maior na implementação da legislação existente”, apontou.

Angola tem 30 espécies ameaçadas de extinção essencialmente devido aos efeitos da caça furtiva, entre mamíferos, aves, répteis e peixes, e reconhece, oficialmente, três espécies extintas, de acordo a denominada Lista Vermelha das Espécies de Angola, ao abrigo da Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies da Fauna e Flora Selvagem Ameaças de Extinção (CITES) e da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB).

De acordo com Vladimiro Russo, esta lista “é um ponto de partida no sentido de se analisar a evolução de todas as espécies”, mas, referiu, “não reflete toda a realidade do país, porque ainda decorrem estudos identificar determinadas espécies que não são conhecidas”.

“Como em relação aos peixes. Mas vem apenas refletir aquilo que tem acontecido nos últimos anos que é o aumento significativo da caça furtiva no país quer para alimentar um mercado de carne, quer para alimentar o mercado de marfim”, adiantou.

Aludindo a uma notícia sobre o abate de 42 elefantes na província angolana do Cuando-Cubango, no primeiro semestre deste ano, Vladimiro Russo argumentou que a situação vem confirmar a “insuficiência de medidas” para travar a caça furtiva no país.

“É um número preocupante, esses são os números que há de registos, nós temos informações de caça a nível de todo o país, particularmente nas províncias do leste e do norte onde há uma debilidade em termos de fiscalização e há a possibilidade da carne, da pele, dos ossos, o marfim saírem pelas fronteiras”, concluiu Vladimiro Russo.

Em destaque

Subir