A saída da União Europeia está a desencorajar a chegada de trabalhadores estrangeiros ao Reino Unido, tanto europeus como extracomunitários, alertou hoje o Instituto de Pessoal e Desenvolvimento (CIPD), associação profissional britânica para a gestão de recursos humanos.
Apesar de muitas empresas continuarem a querer contratar, 70 por cento encontraram mais dificuldades em preencher vagas existentes e 44 por cento, no total de 1.000 empresas consultadas, reconheceram que a situação piorou nos últimos 12 meses, refere o estudo hoje divulgado pelo CIPD.
“Esta situação está a ser exacerbada por uma diminuição relativamente significativa do número de migrantes da UE e não membros da UE que estão empregados no Reino Unido”, refere.
De acordo com as estatísticas oficiais mais recentes, o número de trabalhadores não britânicos no Reino Unido diminuiu em 58.000 entre o segundo trimestre de 2017 e o segundo trimestre de 2018, comparado com um aumento de 263.000 do segundo trimestre de 2016 para o segundo trimestre 2017.
A organização vinca que, “ao contrário da narrativa popular, o choque na oferta de mão-de-obra está a ser motivado principalmente pela queda do interesse de migrantes de fora da UE, que diminuiu em 40.000 entre abril e junho de 2018, em comparação com um aumento de quase um quarto de milhão (225.000) durante o mesmo período de 2017.
Esta tendência é confirmada também pelo fluxo de portugueses para o Reino Unido, refletido pelos registos na Segurança Social britânica, um requisito para poder trabalhar no país.
Entre junho de 2017 e junho de 2018 inscreveram-se na Segurança Social britânica 19.332 portugueses, menos 28 por cento do que os 26.905 portugueses que se tinha inscrito entre junho de 2016 e junho de 2017.
Gerwyn Davies, analista de mercado de trabalho da CIPD, lamentou que o Reino Unido tenha deixado de ser “um lugar atraente para se viver e trabalhar para cidadãos não-britânicos, especialmente cidadãos não-europeus, durante um período de forte crescimento do emprego e baixo desemprego”.
A introdução de restrições aos vistos de trabalho para os cidadãos da UE, especialmente para os trabalhadores menos qualificados, a partir de 2021, após o fim do período de transição da saída do Reino Unido da UE, poderá complicar ainda mais as dificuldades de recrutamento atualmente sentidas, alertou.
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