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Brasil grita “Fora, Temer”. “Não renunciarei”, responde o Presidente

Agrava-se a crise política no Brasil, cada vez mais dividido entre a esquerda, que contesta o “Presidente golpista”, e o regime de Michel Temer, alegadamente apanhado numa gravação a comprar o silêncio de uma fonte da ‘Operação Lava Jato’. “Não renunciarei. Repito, não renunciarei”, garantiu ontem à noite o Presidente Temer.

A contestação nas ruas tem origem num outro nome também muito contestado: Eduardo Cunha, o antigo presidente da Câmara dos Deputados que foi afastado, pelos próprios pares, devido às suspeitas de envolvimento no caso de corrupção ‘Lava Jato’, o mesmo que levou à queda da ‘Presidenta’ Dilma Rousseff.

A destituição de Delma levou à ‘promoção’ do vice-presidente, Michel Temer, a chefe de Estado do Brasil, apelidado desde então pela esquerda como “Presidente golpista”.

Anteontem à noite, durante uma reunião da Câmara dos Deputados, a poderosa rede Globo noticiou que Michel Temer foi gravado a mandar “manter” os pagamentos da JBS (uma grande empresa brasileira com alegadas ligações complexas à rede de poder) a Eduardo Cunha para que este não fizesse “delação premiada”, ou seja, confessasse atos de índole criminal para negociar uma redução de pena.

Nessa gravação, Joesley Batista, um dos donos da JBS, diz a Michel Temer que estava a pagar pelo silêncio de Eduardo Cunha, com o Presidente a responder: “Tem que manter isso, viu?”

Essa alegada gravação foi entregue pelos irmãos Batista, agora exilados em Nova Iorque (alegaram ter recebido ameaças de morte), foi entregue aos procuradores do Ministério Público Federal e ao juiz do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, responsável pelo julgamento da ‘Operação Lava Jato’, numa “delação premiada”: Joesley e Wesley Batista vão ter imunidade completa no caso, antecipa o Estadão.

Ao entregar a suposta gravação, Joesley Batista garantiu ao juiz Fachin que a ordem para o suborno de Eduardo Cunha não foi dada por Michel Temer, mas este sabia “tudo” sobre a ‘Operação Cala-Boca’.

Eduardo Cunha, cujo mandado foi cassado pelos deputados, terá recebido cerca de cinco milhões de reais (mais de 1,4 milhões de euros) da JBS para se manter calado, segundo a imprensa brasileira.

Ontem à noite, horas depois de um comunicado a desmentir a notícia da Globo e de várias manifestações pelo ‘impeachment’ do Presidente e pela marcação de eleições antecipadas, Michel Temer falou ao Brasil: “Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado, não comprei o silêncio de ninguém por uma razão singela que não temo nenhuma delação”.

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