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Brasil deve pedir ajuda internacional para conter derrame de petróleo

Estados da região nordeste do Brasil afetados por um grande derrame de petróleo no mar pediram ao Governo do país que pedisse ajuda internacional para evitar um desastre ambiental ainda maior.

A informação foi dada à Efe hoje por João Azevedo, governador do estado brasileiro da Paraíba, localizado na região nordeste, após uma reunião com empresários da Câmara de Comércio da Espanha.

Azevedo criticou a impotência do governo liderado pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, em enfrentar a crise ambiental e alertou que, se as autoridades não reagirem rapidamente, o desastre será gigantesco.

“A Paraíba possui uma grande muralha de recifes e corais que protegem nossa costa, que nos faz ter águas quentes e sempre limpas o ano todo, imagine se as manchas chegarem a essa costa. Será um processo de degradação nunca visto na história deste país”, afirmou Azevedo.

O governador da Paraíba também contou que solicitou ao Ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que pedisse ajuda internacional para obter tecnologia capaz de conter o problema.

“Disse claramente ao ministro do Meio Ambiente [que] se não temos tecnologia, temos que ter a humildade de solicitar ajuda internacional”, declarou.

Azevedo comentou que o Governo australiano ofereceu ajuda à Paraíba e que o estado enviou um mapa dos pontos mais sensíveis para receber o suporte oferecido.

“Não podemos permanecer à mercê do inesperado, esperando a morte chegar. Não é possível que não tenhamos tecnologia para identificar esses pontos (…) Se a fonte foi um navio naufragado, estou muito preocupado. Já recolhemos cerca de 2.000 toneladas de petróleo. Um petroleiro carrega até 160.000 toneladas. São perguntas sem respostas”, concluiu.

Hoje a Polícia Federal do Brasil cumpriu dois mandados de busca em escritórios no Rio de Janeiro ligados a um navio grego suspeito de causar o derrame de petróleo que atinge a costa nordeste do país.

A ação fez parte da operação Mácula, organizada para apurar a origem e autoria do derrame de petróleo que já atingiu 286 praias em 98 cidades dos nove estados da região nordeste do país, segundo dados atualizados na última quinta-feira pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Em comunicado, a Polícia Federal afirmou ter obtido a localização da mancha inicial de petróleo cru em águas internacionais, a aproximadamente 700 quilómetros da costa brasileira, em sentido leste, com extensão ainda não calculada.

“A partir da localização da mancha inicial, cujo derrame se suspeita ter ocorrido entre os dias 28 e 29 de julho, foi possível identificar o único navio petroleiro que navegou pela área suspeita, por meio do uso de técnicas de geointeligência e cálculos oceanográficos regressivos”, informaram as autoridades da polícia.

“A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento”, acrescentaram no comunicado.

Embora as autoridades não tenham revelado o nome do navio suspeito, o portal de notícias G1 informou que o navio petroleiro grego investigado chama-se Bouboulina e carregou um milhão de barris do petróleo no Porto de José, na Venezuela.

De acordo com a Marinha brasileira, desde 02 de setembro, data em que o petróleo nas praias foi detetado, militares foram mobilizados para as áreas contaminadas.

As manchas de petróleo no mar e nas praias brasileiras já mataram tartarugas marinhas, pássaros, golfinhos e crustáceos.

Especialistas salientaram que o petróleo nas águas do Atlântico da costa brasileira ameaça espécies animais, algumas delas em risco de extinção como o peixe-boi, e pode contaminar a cadeia alimentar.

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