Economia

BPN: PGR investiga créditos “sem garantias” concedidos na gestão da Caixa

CGDbpn bigO BPN concedeu “créditos de valor muito considerável a entidades sem quaisquer garantias” quando já estava a ser gerido pela Caixa Geral de Depósitos. Passados cinco anos, o Ministério Público vai investigar as denúncias feitas pela Parvalorem, avança o Diário de Notícias.

A nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) não terminou com as polémicas. Agora, é a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que está a ser investigada pelo Ministério Público. De acordo com as denúncias feitas pela sociedade Parvalorem, a sociedade que ficou com ativos tóxicos, a CGD terá concedido créditos muito acima do valor das garantias.

De acordo com as contas hoje publicadas pelo Diário de Notícias, em causa estarão créditos que rondam os 526 milhões de euros, a cerca de 80 empresas, e cujas garantias ficaram por um valor de 81 milhões. Esses movimentos foram realizados quando o BPN estava nacionalizado e a ser gerido pela CGD e não incluem os empréstimos concedidos pela antiga gestora do banco, a Sociedade Lusa de Negócios (SLN).

Numa resposta enviada ao jornal, a Parvalorem esclareceu a denúncia: “o que temos constatado na análise dos processos é que alguns problemas relativos à cobrança dos referidos créditos têm efectivamente origem no período anterior à nacionalização, mas muitos deles também no período posterior à nacionalização do BPN, nomeadamente com a cristalização no tempo da resolução de créditos, e na existência de novos créditos de valor muito considerável a entidades sem quaisquer garantias”.

Os factos remontam há cincos anos, pelo que não envolvem diretamente Francisco Nogueira Leite. O professor universitário, antigo conselheiro de Passos Coelho, é o atual presidente do Conselho de Administração da Parvalorem, depois de ter deixado a vice-presidência da CGD. Nessa saída, recorde-se, Nogueira Leite acusou o banco do Estado de ser “barriga de aluguer da política pública”.

“Naturalmente que todos os indícios de prática de crime que forem encontrados – e já foram – continuarão a ser comunicados ao Ministério Público para competente averiguação”, complementou a Parvalorem, na mesma resposta ao DN.

As denúncias apanharam Francisco Bandeira de surpresa. Ao mesmo jornal, o administrador nomeado pela CGD para o BPN defendeu que o conselho de crédito era formado por técnicos “com décadas de experiência bancária”. Porém, a Parvalorem insiste que em vários créditos e em outros negócios “poderiam ter sido obtidas outras garantias reais e de compromissos de execução”.

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