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Bolsonaro rebate Merkel e diz que Brasil é exemplo para a Alemanha na questão ambiental

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje que a Alemanha tem muito a aprender com o seu país sobre questões ambientais, respondendo a críticas feitas ao seu Governo pela chanceler alemã, Angela Merkel.

“Temos exemplo para dar para a Alemanha, inclusive sobre meio ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil, em grande parte de carvão, e a nossa não. Então, eles têm a aprender muito connosco”, disse Bolsonaro, após desembarcar em Osaka, no Japão, onde participará na cimeira das 20 maiores economias do mundo (G20).

Na última quarta-feira, Merkel disse numa sessão do parlamento alemão pretendia falar com o Presidente brasileiro sobre o avanço da desflorestação no Brasil durante o encontro do G20.

“Vejo com grande preocupação a questão das ações do Presidente brasileiro [em relação ao desmatamento] e, se for possível, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele [sobre o assunto]”, afirmou Merkel aos deputados alemães.

Ao ser questionado por jornalistas sobre estas declarações de Merkel, Bolsonaro disse que “não é como alguns [Presidentes] anteriores”, que iam ao G20 “para serem advertidos por outros países”. “A situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado”, disse.

O chefe de Estado brasileiro também colocou em dúvida a veracidade das declarações da chanceler alemã, alegando que soube do caso ao ler reportagens escritas que podem não ser verdadeiras.

“Eu vi o que tá escrito (…) Tem que fazer a devida filtragem para não deixar ser contaminado por parte dos média escritos, em especial”, concluiu.

A declaração de Merkel foi uma resposta a perguntas feitas pela deputada do Partido Verde alemão Anja Hajduk sobre a deterioração das questões ambientais no Brasil.

Recentemente, mais de 300 organizações não-governamentais (ONG) europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e o grupo Amigos da Terra, questionaram o acordo comercial entre União Europeia e o Mercosul (bloco fundado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), face ao receio de que a expansão das atividades agrícolas no Brasil, fortemente apoiada pelo Governo de Bolsonaro, incentive a desflorestação da floresta amazónica.

As ONG exigiram que o Governo brasileiro adote “medidas rigorosas” contra a desflorestação e compromissos a favor do acordo de Paris sobre o clima, celebrado em 2015.

Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon) divulgados na última sexta-feira, a desflorestação da Amazónia Legal (área delimitada na amazónia brasileira em que são permitidas algumas atividades de exploração humana) aumentou 26 por cento em maio de 2019 face ao mesmo período do ano anterior.

Os dados indicam que quase 800 quilómetros cúbicos da Amazónia legal foram desflorestados, enquanto no mesmo período do ano anterior a área foi de 634 quilómetros cúbicos.

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