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Descoberta proteína que previne diabetes e obesidade

Cientistas da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, descobrem uma proteína, na parte externa de uma bactéria, que previne a obesidade e a diabetes. Este estudo, publicado na revista Nature, vai continuar, no sentido de uma eventual criação de um fármaco.

Num estudo feito em ratos, uma equipa de investigadores de Lovaina descobriu uma proteína que poderá prevenir doenças como a obesidade ou a diabetes tipo 2. As investigações vão continuar e, se forem bem sucedidas, podem dar origem à criação de um novo medicamento.

A descoberta foi feita numa bactéria chamada “akkermansia muciniphila”, cuja parte externa continha a proteína, que recebeu o nome de Amuc_1100.

A proteína só pode ser encontrada na flora intestinal de animais vertebrados. Os investigadores vão agora avançar para uma segunda parte da pesquisa, que, se for bem sucedida, pode dar origem à criação de um novo fármaco, a curto prazo, capaz de combater aquelas doenças.

No estudo, os ratos foram sujeitos a uma dieta rica em gorduras, com muitas calorias. Depois, alguns receberam a bactéria viva. E estes apresentaram menos aumento de peso e menor resistência à insulina do que os ratos que receberam placebo.

A obesidade e a diabetes afetam, no total, cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo. Só a diabetes, uma doença silenciosa, mata mais do que o cancro e a sida (juntos).

Neste estudo, os investigadores da UCL, liderados pelo professor Patrice Cani, perceberam um processo que só é conseguido com essa proteína: quando a Amuc_1100 é ministrada em doses elevadas, trava por completo o processo de intolerância à glicose e também a  resistência a insulina.

A proteína funciona como uma barreira, junto ao intestino, que impede que as toxinas da massa fecal voltem a entrar na corrente sanguínea.

Além de funcionar como uma parede para as toxinas, a proteína consegue também impedir que o intestino absorva energia, o que acarreta benefícios para a massa corporal.

“A permeabilidade intestinal é responsável pela passagem ao sangue de determinadas toxinas que contribuem para o desenvolvimento da diabetes, de inflamações, para a sensação de fome nas pessoas obesas e para vários problemas metabólicos”, explica Patrice Cani, em entrevista à BBC Brasil.

A descoberta foi feita por acaso: o investigador Hubert Plovier, membro desta equipa liderada por Patrice Cani, descobriu a Amuc_1100 na bactéria akkermansia muciniphila, responsável pelo aumento de massa corporal e pela resistência à insulina, em ratos.

“Descobrimos não só que a bactéria produzida dessa maneira conserva as suas propriedades, mas também que duplica a eficácia, travando totalmente o desenvolvimento da obesidade e da diabetes tipo 2, independente do regime alimentar”, salienta Patrice Cani.

Agora, os investigadores irão prosseguir este trabalho em humanos, durante 2017. Um grupo de 100 voluntários irá ser alvo de análise, para verificar se os efeitos da proteína são semelhantes.

Se se confirmar esta reação, estima-se que dentro de cinco ou seis anos seja criado um novo medicamento.

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