O BE defendeu hoje que não podem continuar os “falsos consensos” sobre o combate às alterações climáticas e se deve passar “do discurso à prática”, num tema que já estava na intervenção política bloquista “quando mais ninguém o fazia”.
“Este não pode ser o tempo em que continuamos nos falsos consensos, que por se enumerar ou referenciar ou dizer muitas vezes ‘alterações climáticas’ as pessoas achem mesmo que se está a fazer alguma coisa para combater as alterações climáticas”, pediu a eurodeputada do BE Marisa Matias.
Marisa Matias discursava na abertura do Fórum Socialismo 2019, a ‘rentrée’ política do BE, tendo defendido que o combate às alterações climáticas não pode continuar a ser “letra morta” nos tratados e convenções internacionais.
“Quando mais ninguém o fazia, o Bloco de Esquerda já tinha as alterações climáticas no seu discurso e na sua intervenção política”, reivindicou, aproveitando para agradecer à antiga deputada Alda Macedo “tudo o que foi feito sobre clima e ambiente” no partido já “há muito tempo”.
Na perspetiva da dirigente bloquista, “agora que toda a gente fala de alterações climáticas, tem de haver mesmo uma passagem do discurso à prática”.
“Há toda uma nova geração que nos exige que sejamos responsáveis e que possamos garantir-lhes futuro. O BE está preparado para assumir essa responsabilidade”, garantiu.
Por isso, o BE assume as alterações climáticas como “a centralidade do seu programa eleitoral” às próximas eleições legislativas, marcadas para 06 de outubro.
“Para garantir o combate às alterações climáticas é preciso garantir o investimento na ferrovia”, enfatizou.
Segundo Marisa Matias, “não chega dizer que é preciso proteger o planeta”, uma vez que para o fazer é mesmo necessário “acabar com o plástico de uso único”.
“Não chega dizer que é preciso salvar o planeta. Para salvar o planeta precisamos de um programa de reconversão da indústria, precisamos de uma política florestal a sério, precisamos de uma política agrícola decente”, acrescentou.
O combate às alterações climáticas, na visão da dirigente do BE, “é o maior combate por mais justiça social” e, apesar de o problema ser, segundo os bloquistas, do “sistema capitalista”, a solução “é mesmo política”.
“O BE tem a política. Façam acontecer connosco”, apelou.
Antes do discurso de Marisa Matias, destaque para a leitura do texto “A Voz da Esperança”, escrito em 1999 pelo fundador do partido Miguel Portas sobre a independência de Timor, que foi lido pelo ator Pedro Lamares perante os participantes na ‘rentrée’ bloquista, que decorre até domingo na Escola Artística Soares dos Reis, no Porto.