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BE diz que privados da saúde crescem à custa do dinheiro público que faz falta no SNS

A líder do BE, Catarina Martins, admitiu hoje que grande parte dos problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) resultam do crescimento do setor privado nos últimos anos, salientando que esse crescimento foi feito à custa de dinheiros públicos.

“Quando foi fundado o SNS, tínhamos uma lei de bases que dizia que cabia ao estado ter um SNS que respondesse a toda a gente. Nos anos 90, durante o governo de Cavaco Silva, essa lei foi alterada, dizendo que cabia ao estado financiar, também, o setor privado da saúde”, disse Catarina Martins.

“Ora, o setor privado da saúde foi crescendo – cresce à conta de dinheiro público – e eu lembro que 50 por cento cento das receitas dos hospitais privados são dinheiro público, 70 por cento das receitas de clinicas de análise e diagnóstico são dinheiro público. É um setor privado que cresceu à custa de dinheiro público e que foi retirando, com isso, capacidade ao SNS”, reforçou.

Para Catarina Martins, é preciso voltar ao espírito da lei de bases da saúde que existia quando foi criado o SNS, em que cabe ao estado a responsabilidade pela saúde pública.

“É preciso voltar ao espirito inicial do SNS. Os privados podem fazer os negócios que quiserem, mas farão com dinheiro privado. O dinheiro público tem de estar no SNS”, defendeu.

A par da mudança da lei de bases de saúde que o BE propõe, Catarina Martins considera que “há outras matérias que são urgentes e que não podem esperar por esse debate, sejam as carreiras dos profissionais de saúde, seja o investimento, que tem vindo a crescer muito devagar e não acompanha o crescimento do PIB”.

Preocupada com a degradação do SNS, a líder do BE, que falava aos jornalistas durante uma visita ao Instituto de Emprego e Formação Profissional do Seixal, considerou ainda que “não é compreensível que o atual ministro da Saúde não tivesse chegado a bom porto nas negociações com nenhuma das profissões de saúde: nem médicos, nem enfermeiros, nem técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, nem pessoal auxiliar”.

“Não pode ser. Há qui um problema. Já dissemos, mais do que uma vez, que achamos que o primeiro-ministro deve intervir para garantir o bom funcionamento do SNS. Penso que é um péssimo sinal que o ministro das Finanças se substitua ao ministro da Saúde, reunindo com os hospitais. É o ministro da saúde que tem obrigações, é ele que conhece os hospitais. E nós não podemos, quando tratamos da saúde, estar mais preocupados com o défice do que com o funcionamento do SNS”, concluiu.

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