Bastonária dos enfermeiros e ministro da Saúde trocam acusações azedas

Está cada vez mais azedo o diálogo entre os enfermeiros especialistas e a tutela. Depois da bastonária ter chamado “ridícula” à ameaça feita pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o ministro da Saúde acusou a Ordem dos Enfermeiros de “promover o abandono de serviços e de funções”.

A tensão entre as partes agrava-se desde que os enfermeiros especialistas começaram a pedir a suspensão dos títulos de especialistas, retornando à condição de ‘enfermeiros simples’, pelo que não podem exercer especialidades de enfermagem.

A decisão levou a ACSS a emitir um aviso que não caiu bem entre os enfermeiros, ameaçando castigar com “falta injustificada” quem aderir à greve marcada para entre os dias 11 e 15 deste mês. Uma ameaça “ridícula”, no entender da bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

“Acaba por ser um bocadinho ridículo que um Governo em que os conselhos de administração todos os dias cometem ilegalidades dentro dos hospitais, relativamente ao número de enfermeiros que deveriam ter, e que todos os dias aplicam serviços horários ilegais seja o mesmo Governo que está a pedir pareceres jurídicos relativamente a uma questão que é um problema político”, afirmou Ana Rita Cavaco.

O ministro da Saúde ouviu e não gostou. Nada. E reagiu, repetindo a ameaça das “faltas injustificadas”, que podem dar origem a sanções disciplinares.

“Acho extraordinário que associações de direito público, que têm poderes delegados pelo Estado e a confiança do Estado para exercerem a regulação profissional, sejam promotoras de iniciativas que visam atacar o Estado, violar a lei e, pior do que isso, promover o abandono de serviços e abandono de funções”, declarou Adalberto Campos Fernandes.

Apesar da discussão entre as partes estar a azedar, o diálogo nos bastidores tem sido frutuoso, segundo o mesmo ministro: “Tem havido muita reunião técnica e política e estou convencido que as partes se estão a aproximar de um atendimento razoável”.