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Barreto “desolado” porque “Portugal não abriu caminhos” e “bateu no fundo”

antonio_barretoAntónio Barreto diz-se “desolado” ao ver que “Portugal bateu no fundo”. O sociólogo elogia o esforço em cumprir o acordo com a troika, mas conclui que “não vale a pena ter ilusões”: só dentro de “muitos anos” o país regressará ao crescimento económico. Barreto lança o repto às universidades e entidades “idóneas” para que apresentem estudos e soluções.

Ao fim de um ano de intervenção da troika em Portugal, António Barreto vê o país sem margem de crescimento económico, sem margem de erro e sem perspetivas de futuro. Em declarações à agência Lusa, o sociólogo considera que o último ano foi tempo perdido.

António Barreto defende que “não vale a pena ter qualquer tipo de ilusão”. Portugal necessitará de muito tempo para regressar ao conforto de um país desenvolvido, com horizontes e sem dependência externa.

Nesta análise ao primeiro ano de intervenção da troika, Barreto apenas reconhece o esforço do Governo em cumprir os acordos com as entidades internacionais. No entanto, esse esforço não representa recuperação económica, cenário que “apenas dentro de muitos anos” será expectável.

O sociólogo diz-se “desolado” com o cenário que Portugal enfrenta, uma vez que não está a aproveitar esta ajuda para abrir horizontes. António Barreto – que participou, no Parlamento, no debate sobre o ‘Estado da Nação’ – compreende que um ano depois da aplicação do plano de assistência financeira, é normal que Portugal não tenha capacidade de investimento. Mas realça que seria possível ter aprofundado “a procura de fontes de investimento”. O que não sucedeu.

Nesse sentido, e num balanço do primeiro ano de troika, além de manifestar o sentimento de desolação e de reconhecer o esforço do Governo, António Barreto aponta críticas ao executivo, por não ter sido mais justo na aplicação de medidas de austeridade em Portugal. “A falta de seletividade” trouxe malefícios. “Portugal bateu no fundo”, diz o sociólogo.

Nesta altura, o Governo deveria estar já a programar o modo como iria “aliviar a carga da austeridade”. António Barreto lamenta que, pelo contrário, os planos sigam no sentido inverso, numa procura de setores que estejam flagelados, mas sobre os quais possam recair medidas de austeridade adicional.

Perante um quadro negro que o sociólogo aponta, sem poucas saídas para a crise, António Barreto considera que a saída possível encontra-se num movimento das Universidades, bem como outras instituições independentes e idóneas, que sejam capazes de apresentar estudos que propiciem a definição de um rumo para Portugal – país de mãos atadas pela troika e sem saída para a crise.

As perspetivas de crescimento a curto prazo são, para Barreto, uma miragem. “Não vale a pena ter ilusões. O crescimento económico só voltará dentro de muitos anos”, assinala António Barreto, que não se surpreende com o crescimento do desemprego, tendência que o sociólogo não acredita que será invertida.

O prazo de três anos de resgate da troika não parece ser o ideal, mas segundo Barreto deve ser cumprido, sem alargamentos, mesmo que o acordo tenha aspectos “maus”. Há outros “positivos” e outros que não representam a solução para Portugal.

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